terça-feira, 26 de junho de 2012

Wildflowers é diferente de todos os livros da série por um motivo: a protagonista já é casada. Ela tem um marido que é um fofo, mas que não para em casa. Genevieve aparece pela primeira vez em Sunsets, o quarto livro da série - ela é vizinha (e locadora) de Alissa, Shally, Brad e Jakecob. Depois ela desaparece e surge em Glenbrooke no último livro da série, dizendo que seu sonho sempre foi se mudar pra uma cidade pequenininha e montar um café charmoso. Tá, né?

Então, Genevieve é uma mulher que quer se sentir realizada. Quem não quer, né? E eu vivo em dúvida se o que ela entende por realização é demais ou não. Se ela é ingrata pelo que tem ou se realmente merece o que não tem. E o que ela não tem? Uma vida profissional - a típica casei-cedo-e-me-dediquei-só-à-família - e um marido dentro de casa - Steven é piloto de avião.

Na maior parte do tempo ela me pareceu mal-agradecida. Sabe quando várias coisas boas estão acontecendo na vida da pessoa, mas ela não consegue enxergar? Ou quando você tem uma coisa maravilhosa na sua vida, mas se acostuma com ela e esquece o quão maravilhoso é ter isso?

Essa é a mágica dos livros da série Glenbrooke. As personagens, apesar de suas peculiaridades, têm traços muito reais e muito diversos. Acho que não conheço alguém que não se pareça com uma dessas oito mulheres.

Pra quem conheceu a Robin - a autora - quando adolescente, e acompanhou Cris, Katie e a galera crescendo junto com a gente, encontrar essas outras amigas, que são mulheres maduras, profissionais, com problemas de gente grande (como são os nossos problemas agora) é como se a Robin estivesse um pouco conectada conosco, como se ela conhecesse tão bem suas leitoras que conseguisse criar pelo menos uma personagem que fosse, em muitas maneiras, parecida com cada uma delas. Por isso a gente te ama, Robin! ♥

Extras

O exemplar que eu li pertence à Cintia, que me emprestou quando fomos pro Maranhão. É um exemplar em paperback, da quarta edição, uma edição mais nova - porém menos bonita - do Clouds que eu tenho aqui (e que é da Deise). O papel é aquele típico da Multnomah, suavemente amarelado, com textura semelhante a papel de jornal. A tipografia é serifada, bem classuda.

Os livros da Série Glenbrooke vêm com um mapa da cidade no início, que só deve ser observado se você não tiver problemas com spoilers. Tem também o versículo que inspirou o título do livro. Ao final, a receita de alguma guloseima citada no livro e uma carta da Robin.

Wildflowers é o último livro da Série Glenbrooke. Os outros livros são Secrets, Whispers, Echoes, Sunsets, Clouds, Waterfalls e Woodlands. Esses livros não foram lançados no Brasil. Somente é possível adquiri-los em inglês, e você pode fazê-lo pela Livraria Cultura, no Better World Books ou pelo site da autora.

Ah, tem outra resenha de Wildflowers no Free to be me ;) Vale a pena ler!

Wildflowers - Robin Jones Gunn

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Existem coisas muito legais, mas que comprometem muito a gente. Desafio literário, clube de leitura, faculdade, livro viajante... junta tudo isso e você não consegue mais ler o que você quer. Esse mês de maio eu dei sorte, porque todas as leituras que eu tive que fazer eram leituras que eu também queria fazer. Mas também não li outra coisa senão essas com que já tinha me comprometido. (Aham. Quem disse que eu terminei?) Esse mês eu entrei no Círculo do Livro, um clube de leitura online, (Ou melhor, um clube online de leitura), e nesse mês o livro escolhido era Persuasão.

Persuasão tem um começo chato e eu confesso que demorei um pouco pra entender quem era a personagem principal daquela história. Diferente de Emma e Elizabeth, Anne é uma pessoa fraca, apagada, que ficou pra titia por não querer impor sua vontade. Anne é inteligente, tem bom senso, tem cultura, mas não tem atitude.

Assim como em outras obras de Jane Austen, Persuasão fica bom a partir da segunda parte. É quando o mocinho aparece mais, e quando a Mary, irmã mais nova da protagonista, aparece menos. Por falar em Mary, ela conquistou o trono de personagem mais chata do (meu) universo literário. Apesar dessa impressão, a trama não tem personagens tão marcantes, ou mesmo tão presentes como em Emma e Orgulho e Preconceito.

O interessante na obra é o trabalho da autora com o tempo. Toda história acontece por causa de um pedido de casamento recusado oito anos antes. Os sentimentos dos personagens a respeito do passado, do presente e da relação entre os dois é muito bem colocado, torna toda a história muito crível, muito real. Oito anos depois, eles estão mais maduros, mais conscientes, porém não menos machucados com o que aconteceu no passado. Acompanhar o desenvolvimento da mágoa para a redescoberta do amor de Anne Elliot e Capitain Wentworth, na segunda parte do livro, é emocionante. Só por isso, leva três estrelas.

Extras

O exemplar que eu li era de uma coletânea com todas as obras de Jane Austen compiladas num só livro, em inglês, edição da Oxford University Press. É uma edição bastante antiga, com aquelas páginas de jornal bem amareladas, letras pequenininhas, folhas finas que quase sempre grudavam umas nas outras. Peguei emprestado na Biblioteca de Humanas, Educação e Artes da UFPR - que agora está fechada por causa da greve dos servidores.

No mesmo dia da reunião do Círculo do Livro, eu vi a adaptação em filme feita em 2007, que está disponível inteirinha e legendada no Youtube. Aliás, não só essa obra, mas todas as adaptações dos livros de Jane Austen feitos na mesma época (pela BBC, eu acho). Essa conta com o lindo do Rupert Penry-Jones como Capitão Wentworth, e só por isso vale assistir #piriguetagem (Relevem o fato de que eu só o vi nesse filme, tá?)

Houve outras três adaptações em filme (1995) e minissérie (1971 e 1960).  Helen Baker escreveu uma continuação chamada Connivance, em que a Mrs. Clay fica se insinuando pro Sir Elliot e pro Mr Elliot (o barão pai da Anne e o primo herdeiro do título).

Persuasão foi o último livro completo escrito por Jane Austen, quando ela já estava doente. Talvez por isso seja mais curto e menos elaborado que os outros. A obra é póstuma, publicada em 1918, o ano seguinte ao da morte de Austen.

Todas as obras de Jane Austen em inglês estão em domínio público. Em português, você terá que comprar o livro ou procurar em uma biblioteca. Entre as edições disponíveis hoje, as melhores são da Zahar (capa dura), Landmark (capa dura e bilíngue), Landmark (bilingue, capa flexível), e as não tão boas, em ordem decrescente, L & PM (edição de bolso), Bestbolso (edição de... bolso) e Martin Claret (não compre se puder evitar, eu sei que você pode).

PS: A Travessa não me paga nada, mas depois de fazer cotação de preços para as minhas futuras aquisições (uma listinha que já tem mais de quatrocentos títulos), e levando em conta o frete grátis para o estado do Rio e as cidades de São Paulo, BH, Vitória e ♥ Curitiba ♥, recomendo como dica de amiga ;)

Persuasion (Jane Austen)