quarta-feira, 30 de maio de 2012

Não surge uma raivinha no fundo do fígado quando você está procurando uma música no youtube e o único vídeo que você encontra é de um adolescente cantando e tocando violão com o áudio do CD ao fundo? Por essas e outras tenho o maior preconceito com covers de todo tipo. Não, eu não vou ouvir a fulaninha cantando com o fulaninho, mas não vou mesmo.

Só porque eu vivo pra me contradizer, esses dias minha dupla vocal me mandou um vídeo dessa outra dupra cantando uma música da Nívea Soares. Pra quem não gosta de covers, nem de Nívea Soares, pra que eu fui ouvir? Ouvi por consideração à pessoa que mandou o vídeo e depois ouvi outro, e outro, e outro. Só tem cover no canal deles, mas isso não é nada pra uma doutora em pagação de língua, né?

Falando em coisas que eu não gosto, passamos às coisas que eu gosto: eu gosto de voz e violão. Assim, sem mais nada. A voz pura e o violão bem tocado. Eu gosto de contralto, por razões muito lógicas. Eu sou um contralto oprimido nesse mundo de sopranos agudíssimos onde os contraltos só aparecem para fazer a segunda voz. O óbvio: eu gosto de vídeo com qualidade. Quem aguenta vídeo com áudio desregulado, que primeiro faz você colocar o volume no máximo e depois explode seu cérebro numa surpresa fatal?

A música escolhida é a minha preferida deles porque as outras são enjoadinhas (Me aaaaama, eeeeeeeeele me aaaaaaama...; Se eu apenas te tocar um milagre viverei em minha vidaaaaaa [325]; mais Nívea e Heloisa Rosa. Yes, but no). Essa tem um ritmo legal, com refrão chiclete. Também me parece que essa música explorou melhor a voz linda dessa moça. Não conheço o original, e se ouvi cinco vezes esse Thales Alberto Roberto, foi muito, então nem vou fazer comparações. Só sei que essa versão deles ficou ótima.

Música da Semana: Deus da Minha Vida (Gio e Álvaro)

sábado, 26 de maio de 2012

O Felipe tem razão. Minha biblioteca é muito séria. (Seria muita gabolice eu dizer que sou culta, né? Mas séria pode). Eu tenho, aproximadamente, uns sessenta livros. Quase a metade são livros de Direito. Quase a outra metade é literatura estrangeira. No meio temos alguns livros religiosos, um livro de moda, alguns sobre linguística. Até onde me lembro, só tem um de literatura brasileira. E, em toda a minha biblioteca, apenas um chick-lit.

Estava eu em um dia chato, depois de aulas chatas, almoço no restaurante universitário com cardápio chato, prestes a ir pro estágio, precisando de uma leitura leve, pra não abusar da dor de cabeça que aparece nos dias chatos, mas, ao mesmo tempo, capaz de prender a atenção; alguma coisa divertida. Topei com esse livro que falava de um assassino muito desastrado. Um assassino profissional que esteve prestes a entrar pra história milhares de vezes, mas não conseguiu porque era estabanado. Tem tudo pra ser hilário, né?

Infelizmente, a impressão que eu tive foi que ele errou a dose em tudo. Na aventura do assassino, no humor do desastrado, na apresentação de fatos históricos. O modo como ele aparecia em todos os lugares, envolvido em tudo o que aconteceu de importante naquela data e lugar, vai ficando chato e forçado, assim como os desastres que acontecem com ele. Como tudo dá errado, não há surpresa. Até a ironia parece exagerada. Enfim, um enjoo.

Poderia ser ótimo, mas forçou a barra. Sabe aquelas comédias que ficam dizendo 'ria de mim, eu sou engraçado, olha que situação ridícula de engraçada!'? Enfim, quem tenta ser engraçado fica ridículo, não engraçado. Mas como tem quem goste do como é mesmo o nome daquele do youtube? Felipe Neto, o livro deve ter encontrado seu público. Mas, repito, muito aquém do humor encontrado no primeiro romance do autor. Esperando algo do nível, me decepcionei.

A história é sobre um sujeito que nasceu com um indicador a mais em cada mão e que, por isso, se acha destinado a ser assassino profissional. Filho de um anarquista, o rapaz é mais doido que o pai e vai para uma escola de assassinos onde aprende tudo sobre armas, venenos, bombas, enfim, toda espécie de engenharia mortífera. Sai dali destinado a matar grandes chefes de Estado totalitaristas e livrar os povos da opressão. Mas ele nunca consegue. Por vezes, o desacerto dele é acerto de outro, e o cidadão acaba morrendo de qualquer jeito.

O Jô repete aquela mistura de fatos verídicos com história fictícia. Começa pela morte de Francisco Ferdinando, passa pela morte de Jean Jaurès, a pandemia da gripe espanhola no Brasil, a máfia de Al Capone, o atentado contra Roosevelt, a Intentona Comunista, o Levante Integralista, até a morte de Getúlio, entre outros.

Extras

O exemplar que eu li veio da Biblioteca de Humanas, Educação e Artes da UFPR. (Aviso de utilidade pública: a biblioteca está fechando às 20h durante a greve. É, estamos em greve.) É a segunda edição, de 2000, capa azul. Pra idade que tem, está bem enxuto ;) O livro é o segundo romance de Jô Soares, publicado pela Companhia das Letras, em quase meio quilo de papel off-white de boa qualidade.

O esquema da diagramação é semelhante ao de O Xangô de Baker Street. Marcando as seções dentro dos capítulos temos desenhozinhos. O padrão é de bombas acesas, mas existem algumas partes em que elas combinam com o texto, com o desenho do trem quando ele estava no trem, do submarino quando estava no submarino, do barco quando... enfim, vocês já entenderam.

Eu não gostei do livro, mas pode ter sido pura implicância, ou vai ver que eu não estava mesmo com ares pra esse tipo de literatura. O livro tem bom conceito no Skoob. Pra quem quiser outra opinião, temos resenhas positivas do Vinicius Mahier (Recanto das Letras), outra de Daniel (Jazz e Rock).

Desafio Literário: O Homem que Matou Getúlio Vargas (Jô Soares)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Fantástico. Divertido. Profundo. Engraçado. Emocionante. Belo. Cativante. Ri. Chorei. Senti.
Agora quero ver tudo isso em um filme!
As palavras clichezentas acima foram escritas a lápis na última página do livro tão logo terminei a leitura. Eu comecei com todos os preconceitos possíveis, tudo porque assisti P.S. Eu te amo em uma festa do pijama quando estava no terceiro ano do Ensino Médio e unanimemente afirmamos que poderíamos ter feito coisa melhor, como empapelar a casa de alguém ou brincar de verdade ou consequência, ou brincar de verdade ou consequência e, em razão disso, empapelar a casa de alguém. Ah, sim, Se você me visse agora é da mesma autora com cara de modelo francesa: Cecelia Ahern. (Sou a única que fala Cecélia pra não esquecer que são dois Es?)

A história é sobre Elizabeth, seu sobrinho Luke e o amigo imaginário invisível deles, Ivan. Essa é uma daquelas histórias em que já se sabe mais ou menos onde vamos chegar, só não se sabe como. Bem, Cecelia escreve romances e este É um romance entre Elizabeth e Ivan. Mas como?

Elizabeth é uma chata. Uma chata quadrada. Um cubículo. Uma adulta de verdade. Não há nenhum espaço em sua vida para subjetividades, imprevistos, novidades, surpresas, ou qualquer coisa feliz dessa vida. Elizabeth tem uma vida bege com superfícies impecavelmente limpas, mas armários completamente bagunçados por dentro, trancados a chave porque ela sabe que não conseguiria dar a volta por cima se as coisas fugissem completamente ao seu controle novamente. Ela não corre riscos.

Coisa-linda-que-
vontade-de-apertar!
Ivan... bom, quantos anos ele tem? Na minha cabeça, o Ivan é a cara daquele mocinho de De Repente 30 do Mark Ruffalo (se bem que eu acho que o Ivan tem olhos azuis.. como se Hollywood ligasse para as características físicas dos personagens, né?). Ele é fofo, engraçado, mistura a sinceridade espontânea de uma criança com a sabedoria de quem já viveu muito. Ele é a cor que estava faltando na vida de Elizabeth. E a cor é azul como o mar azul como no coração uma doce... Ivan é um amigo invisível profissional cuja missão é ensinar Elizabeth a viver e, de repente, aprender alguma coisa sobre a vida.

Além deles, temos Saoirse (tive que colar do livro pra escrever direito - a pronúncia é algo como 'sersha'), a irmã completamente maluca de Elizabeth, mãe do Luke, uma criança fofa, que é quem primeiro conhece Ivan. Luke é cuidado pela Elizabeth que, por defeito na parte imaginativa do cérebro, é incapaz de compreender o que é uma criança. Ainda, temos a sócia maluquete de Elizabeth, Poppy; Benjamin, o cliente que não toma banho; Joe, dono da única cafeteria de Baile na gCroite (é o nome do lugar. Esses irlandeses...), e os amigos de Ivan: Opal, Calendula, Bobby, Tommy, Olivia.

É a típica comédia romântica, com personagens muito bem construídos, com vida própria, com uma diferença básica de todas as comédias românticas do mundo: você não sabe como vai acabar. Quer dizer, dá pra ser feliz pra sempre com um amor invisível? Por que não? Essa é a grande descoberta da história. E não sou eu quem vai estragar isso.

Extras

O exemplar que eu li é meu mesmo. Ganhei da Ju-Fina-Flor no amigo secreto das Sisterchicks. Aliás, ô menina que sabe dar presente! Ganhei dois livros bem diferentes, mas que são, os dois, a minha cara. Amei!

No Brasil ele está no catálogo da Rocco (que, pelo preço dos livros, poderia ter um site melhorzinho, né?) A capa é bonita, daquelas que fazem muito sentido pra quem já leu e que deixam quem não leu cheio de perguntas. Infelizmente a capa descolou. Logo depois de ganhar o livro no Rio, viajei pra casa do meu namorado. Aí emprestei o livro e a pessoa resolveu usar as orelhas da capa como se fossem marcadores. Arrebentou com a capa e eu nem pude falar nada. Sabe aquela pessoa com quem a gente não deve se meter? Aquela, que começa com so e termina com ra? Pois é :/

Um minuto de silêncio, por favor.
Dá uma decepção também porque os livros da Rocco são caros e, se um livro é caro, a gente não espera tamanha fragilidade. Falando em qualidade, a tradução é quase ótima. Tirando uma 'a estrada sequer tinha nome, o que ela achava procedente' e um 'she knew better than' ao pé da letra, mais um ou dois erros de digitação. Apesar do papel ser branco, o estilo e o tamanho da fonte são agradáveis e os espaços são bem confortáveis para a leitura.

Foi confirmada a adaptação do enredo para o cinema, com Hugh Jackman no papel de Ivan. Por falar em adaptação, o título original é If you could see me now, traduzido literalmente na versão brasileira, mas nos Estados Unidos o nome é A Silver Lining. Oi? Pois é.

O livro pode ser comprado nas principais livrarias (menos na Cultura e na Fnac, pelo menos no site já esgotou) como Curitiba, Travessa, Saraiva, Submarino.Mais informações no site da Cecelia Ahern, na Wikipedia (em inglês) e no Skoob. Ah, claro, tem as citações no Tumblr. Divirtam-se e depois me contem ;)

Se você me visse agora (Cecelia Aherns)