sexta-feira, 30 de março de 2012

Foi uma escolha bastante lógica. Faltando uma semana pra acabar o mês, eu precisava de um livro com um serial killer, mas isso não é evidente. Eu não podia arriscar pegar um romance policial e depois descobrir que não tinha nenhum assassinato em série ali. Passei por mais ou menos quarenta estantes (literatura inglesa, americana, alemã, francesa ... pulei os orientais e o leste europeu ... portuguesa, brasileira) até que encontrei um livro que tinha serial killer escrito na contra-capa.

O autor - quem não conhece o Jô? Acho que até a equipe do GAG conhece, né? - pretendeu escrever um romance policial com um toque de humor. Receita arriscada. É muito chato um livro policial engraçado demais, parece que perde o propósito. O interessante era que as partes cômicas eram coadjuvantes. Quando as cenas mostravam o assassino em ação, ou alguma parte da investigação, havia um ar de serenidade, ou pelo menos um humor mórbido, sutil, combinando com a ocasião. Nada de comicidade exagerada, só aquele humor esperto, de quem não precisa dizer que está fazendo humor.

A história narra o primeiro serial killer do mundo, contando como Sherlock Holmes cunhou o termo enquanto investigava um crime bastante peculiar no Rio de Janeiro. Infelizmente, não conheço a obra de Conan Doyle (esse nome me lembra alguém...), mas agora quero muito saber se o Sherlock de verdade era assim mesmo. O livro também é recheado de personalidades reais como Dom Pedro II, Chiquinha Gonzaga, Sarah Bernhardt, que, apesar de terem sido retratados apenas ficcionalmente, não escaparam a um estudo minucioso.

Aliás, o cuidado na pesquisa bibliográfica é digno de nota, não só na fidelidade dos personagens, embora a história seja inventada, como também dos cenários e costumes à época do Império. Tem até referências bibliográficas no final do livro. É um alívio saber que o autor levou o livro a sério com tantos outros por aí cometendo gafes ao situar seus romances em lugares onde nunca estiveram e sobre os quais não tem o menor conhecimento - embora pensem saber o bastante para colocar todo esse conhecimento em um livro.

O assassino é apresentado aos poucos, embora desde o início dê a entender que seja um dos que estão sempre presentes. No início de cada capítulo, temos uma cena só dele, dando pistas sobre a sua identidade. Eu tive dificuldades para descobrir quem foi porque eu confundi dois personagens, achando que eram a mesma pessoa. Isso porque existem os marqueses, viscondes e eteceteras, com seus respectivos nomes de verdade, e eu atribuí o nome de um a outro... me confundi toda. Ainda assim, só tive um palpite certo depois de umas duzentas páginas - e isso pra mim é ponto positivo.

Não é o melhor dos policiais - já falei que gosto de sentir aquela tensão, né? Embora o mistério dos assassinatos e os crimes em si sejam escabrosos, as pitadas de humor tiram esse gostinho, mas sem estragar o conjunto. Apesar de uns comentários que li, achei engraçado, não hilário; inteligente, não genial; e ainda estou pensando se o final me agradou ou não. Quero dizer, o final da investigação, não o final do livro (tentando ser específica sem dar spoiler). Acho que deu um equilíbrio capaz de agradar quem gosta tanto de um gênero como do outro.

Extras

O livro teve sua primeira edição publicada pela Companhia das Letras em 1995 e foi o primeiro romance de Jô Soares. Hoje ele aparece no catálogo com uma edição normal e outra econômica (trinta reais mais barata que a primeira e com capa laranja ♥).

A edição que eu li foi a normal. Achei que a capa dá uma ideia errada, porque a silhueta remete ao Sherlock, enquanto o violino dá a entender que se trata do assassino, não sei se alguém achou estranho também ou se é só coisa da minha cabeça. Eles usaram no corpo do texto a fonte Garamond, tamanho 14, eu acho - maior do que eu costumo ler. Volta e meia eu pensava que não estava combinando... mas vai ser chata assim em outro planeta, hein? Mas se pensar bem, a edição econômica tem praticamente metade das páginas da original, e isso faz toda a diferença pra quem vai carregar esse volume pra cima e pra baixo o dia todo.

Sendo uma edição da Companhia das Letras, não preciso nem falar da qualidade do papel, da diagramação, da revisão, só reforçar o elogio para o esforço de pesquisa e a delicadeza de incluir as referências bibliográficas ao final. Uma coisa que me incomodou foram as frases em francês e inglês, quando alguém começava um diálogo nesses idiomas. O restante do diálogo era narrado em português, mas pra quem não conhece nenhuma das línguas, fica a sensação de que perdeu alguma coisa.

O exemplar, peguei emprestado da Biblioteca de Humanas e etc da UFPR e estava em muito bom estado. Se não me engano, a biblioteca possui três exemplares do livro, todos bem conservados. A despeito das minhas últimas leituras, demoradas, emperradas, esse livro acabou num instante. Com certeza a história ajudou.

Em uma das cenas (a do fígado) eu me dei conta de como ficaria legal se essa história fosse adaptada em filme... aí lembrei que isso já aconteceu. O filme foi lançado em 2001, com direção de Miguel Faria Jr. Assisti e achei muito inferior. Eu não costumo avaliar o filme pelo livro, mas fica difícil não fazê-lo, considerando que não gostei do filme. Me pareceu que todas as partes engraçadas foram suprimidas ou reproduzidas de forma não tão engraçada. Ainda estou pensando se o fato de manter os diálogos em francês e inglês nessas línguas foi positivo ou negativo...

Pra quem, como eu, sentiu o desejo de conhecer mais sobre um dos detetives mais famosos da literatura (confesso que ainda dedico 78% do meu entusiasmo com detetives ao Poirot), o chamado "cânon" de Sherlock Holmes consiste em quatro livros - A Study in Scarlet, The Sign of the Four, The Hound of the Baskervilles e The Valley of Fear. Os originais estão em domínio público, por isso existe mais de uma editora com as obras de Doyle no catálogo. Além dos livros, há ainda cinquenta e seis contos 'oficiais' sobre o detetive, que já teve muitos rostos no cinema, no teatro e na televisão, mas bem que poderia se parecer de verdade com o Robert Downey Jr...

Até agora encontrei mais duas resenhas desse livro no Desafio Literário 2012:
A Amanda, do Vivendo entre Livros, detestou a obra. Então, se quiser um contraponto...
Já a Francieli, do Pessoalmente Falando, se divertiu muito com a leitura ;)

Desafio Literário de Março (em março!): O Xangô de Baker Street (Jô Soares)

quarta-feira, 28 de março de 2012

Olha o Switchfoot aqui traveiz, só que agora pra me fazer pagar língua. Sim, porque quem não se lembra pode ver quando Gone foi a música da semana (e desde então quase um ano se passou...) que eu dizia que não gostava muito deles. Agora eu tenho que dizer que nas últimas semanas não ouço outra coisa senão Switchfoot e MPB. Acho que foi depois que eu apaixonei (ui!)... caí de amores... ai, gente, como dizer que eu gosto muito dele sem me comprometer com meu digníssimo? pelo Jon Foreman, assistindo as apresentações extras que ele faz depois do show pra quem fica para os remanescentes. Pra quem não gosta de artista afetado, fica a dica de gente-boazice.

Mas Mess of Me não é exatamente a música de uma pessoa muito legal, não. É uma confissão de quem estragou a si mesmo. Quem já fez muito mal à sua própria pessoa e não aguenta mais isso. Não é o que a gente faz o tempo todo? Sentimentos, ideias, pensamentos, atitudes... coisas que a gente cultiva e que nos adoecem. E nós sabemos disso, mas continuamos. Eu sou a minha própria doença.

Chega, né? Não existe nenhuma necessidade pra continuar com essa palhaçada. Não existe. Sem desculpas. Nós sabemos que não é melhor desse jeito. Isso é só preguiça de mudar. Ou de admitir que você é sua própria doença. 

Clica que aumenta!
Eu baguncei com a minha vida
Eu quero recuperar o resto de mim
Eu baguncei com a minha vida
Agora eu quero passar o resto da minha vida VIVENDO.

E eu que sempre digo que ser feliz é pra quem quer... Que a gente só muda se quiser mudar. E que quando a    gente quer mesmo, a gente muda mesmo. Não vem com essa de já tentei e não consegui. Não conseguiu porque não tentou direito. Ou porque não queria tanto assim. Porque a gente tem mania de se agarrar com o que faz mal e com o que não presta. Mas eu escolho ser feliz hoje. O resto a gente joga fora.

Não gosto de incorporar vídeos, mas eu gostei taaanto desse!

Música da Semana: Mess of Me - Switchfoot

segunda-feira, 26 de março de 2012

O dia nasce romântico, com post todo bonitinho no blog dedicando uma música apaixonada. O céu bem lindo, aquele azul curitibano que deixou a Ju completamente encantada. Uma sandália rasteirinha nova amarela super chamativa linda de viver, quero dizer, completamente parecida comigo. É difícil acordar com bom-humor antes das seis da manhã, mas quando não tem jeito, de que adianta ficar emburrada?

Todo dia eu acho impossível de acreditar como tem gente que acorda cedo nesse mundo. Às vezes eu penso que é só pra encher os ônibus pra eu ter que ir em pé, segurando naquelas barras que eu quase não alcanço, equilibrando cinco quilos de papel impresso. Toda vez que eu pego um ônibus desses, isto é, todo santo dia, eu me pergunto por que essa gente toda não resolveu dormir mais um pouquinho se o dia estava tão gostoso pra ter uma relação de amor eterno com um cobertor bem macio.

Só depois de cinquenta minutos (em pé, balançando, tentando equilibrar meu próprio corpo e os quilos extras em papel pesando no meu braço, que revesa com o outro que tenta manter o equilíbrio do conjunto, tentando não ser esmagada pela multidão que desafia o princípio da impenetrabilidade) é que eu chego à UFPR. Duas aulas de Direito do Trabalho e eu descubro que o motorista do ônibus que me trouxe à faculdade sabe mais sobre essa matéria do que eu, cuja carteira de trabalho tem vocação para permanecer em branco eternamente.

Descubro que minha sandália linda e nova arrebentou. É claro que a probabilidade de uma sandália nova arrebentar é muito pequena, mas em uma quarta-feira que queria ser quinta tudo pode acontecer. Até uma greve dos cozinheiros do restaurante universitário. E eu, que subi setecentos metros sob o sol do meio dia, com os livros na mão e a mochila pesando nas costas (porque os livros estão na mão? Porque não cabe o mundo todo na mochila, ué!) e a barriga roncando de fome, tenho que voltar os mesmos setecentos metros pra comprar um sanduíche e comer no ônibus mesmo. Isso porque o cardápio de hoje era ótimo. Por que não fazer greve quando tem carne moída no cardápio, hein? :)

Quarta-feira é o dia em que eu tenho duas aulas de filosofia à noite. Já é meu quarto ano cursando essa matéria, por motivos que eu tenho preguiça de explicar, mas que são mais complexos do que 'hmmm, reprovou, né?'. Você passa duas horas da sua vida ouvindo as invenções da Grécia que nós usamos nos dias de hoje (alfabeto, política, democracia, teatro, escultura) de novo só porque o professor faz chamada e por causa disso você só vai chegar em casa às onze da noite.

Seu namorado está sem internet, e isso significa que você precisa ligar pra ele. Porque ele resolveu brigar com a operadora de telefonia celular, então também não pode ligar pra você. Pelo menos você pode contar como foi seu dia na companhia de Murphy. E rir de si mesma. Porque não tem sandália arrebentada, restaurante fechado, aula chata ou ônibus lotado capaz de me tirar do meu propósito. Hoje eu vou ser feliz, não importa o que aconteça. Eu rio na sua cara, Murphy. HA. HA. HA.

PS: Não é um texto de autoajuda, embora possa parecer. Não tem nada a ver com ter sucesso. Afinal, ninguém precisa de sucesso pra ser feliz.

Ser feliz pra mim é...

quarta-feira, 21 de março de 2012

Ela é uma delicinha. A voz dela é macia, delicada, mas firme. Canta sorrindo e dançando, como uma menina contente com a sua brincadeira. E de tanto gostar, contagia. Faz a gente gostar também. Uma elegância, uma singeleza, uma apresentação completamente despretensiosa que faz a gente sorrir. E aqueles olhos de ressaca, como os de uma moça que eu amo tanto. Parece mesmo uma criança, uma menina brincando de cantar. Se ela canta assim brincando...

Não é uma linda?
O amor é um descanso quando a gente quer ir lá 
Não há perigo no mundo que te impeça de chegar
Caminhando sem receio vou brincar no seu jardim 
De virada desço o queixo e rio amarelo
Agora é hora de vibrar
Mais um romance tem remédio 
Vou viajar...
Lá longe tem o coração de mais alguém.


E essa música morou na minha cabeça a semana toda. Deve ser a saudade desse coração que está longe, longe. Às vezes dá vontade de ser louca, louca. Pena que essa vontade dura tão pouco tempo. Se eu não posso ir, vem pra cá, seu meu lindo! Vem?

(Vocês perdoam mais um momento romântico? Posso ter um ataque de romantismo toda semana? É permitido?)

Música da Semana: Mais Alguém - Roberta Sá

segunda-feira, 19 de março de 2012

Palhaçada esse meu desafio literário, né? Dois meses, dois atrasos. Pessoas já disseram que meu ritmo de leitura é invejável. Aí eu digo que estou lendo Lolita desde... (pausa pra olhar o histórico de renovações no site da biblioteca) 22 de fevereiro, pouco mais de trezentas páginas de narrativa. Eu poderia culpar a inconveniência dos últimos dias, o muito o que fazer, o retorno das aulas, o trabalho em ritmo alucinante, a crise alérgica, a crise mundial, a crise moral - uma misturinha louca que me faz chegar em casa pedindo pro mundo acabar enquanto eu estiver dormindo.

Colocar a culpa no livro é muito mais fácil. Ainda mais nesse livro. Posso dizer, por exemplo, que o livro me causou emoções demais, impressões demais, e que, por isso, eu precisava de um tempo para me recuperar entre uma leitura e outra. Ou você acha que é fácil ler a autobiografia de um pedófilo? Não, não é nada fácil ficar mudando de opinião o tempo todo sobre os personagens. Passar de aquela-vontade-de-dar-uma-joelhada-no-documento pra aquela-vontade-de-colocar-no-colo-e-fazer-carinho-no-cabelo não é fácil mesmo. Aquele desgaste emocional que só um texto emocionado pode lhe proporcionar.

Também posso usar como desculpa o grande exercício mental pra não ser preconceituosa com os personagens do livro. Porque não dá, absolutamente não dá, pra ultrapassar a vigésima página se ficar julgando a narrativa de Humbert como se ele já estivesse condenado. Ele também tem coração. E ele quer se explicar. Não dá pra prestar atenção no que ele diz se ficar o tempo todo retrucando. E não é fácil desligar o julgômetro.

Outra ótima razão pra ler devagar é que, embora o ritmo seja bastante bom na maioria das vezes, a narrativa esmorece em alguns pontos - principalmente nos primeiros capítulos da parte dois. Sim, porque às vezes o próprio livro pede pra ler devagar. É muito diferente ler três páginas de diálogos e três páginas de descrição de uma parede. Nisso achei Vladimir Nabokov um pouco parecido com Machado de Assis, só que nem tanto. Não sei se achei menos chato porque li Dom Casmurro há muito tempo, num tempo em que não tinha a menor paciência pra esse tipo de coisa, ou se essa característica descritiva é menos acentuada em Lolita. Acontece que as descrições são importantes para a história e é preciso abstraí-las completamente. Um exercício de imaginação um tanto complexo.

Por fim, tenho que confessar que eu torci contra Dolores quase o tempo todo. Aí fiquei com pena dela no final, mas só um pouquinho. No fim era uma mistura de 'coitada...' com 'bem feito!'. Acho que é inevitável não ficar tentando entender o Humbert. Acho que, durante toda a narrativa, o seu objetivo é entender a si, seus instintos e sua moralidade o tempo todo lutando no seu interior. Aquela sensação de você-está-fazendo-isso-errado. O que eu acho mesmo é que preciso conversar com alguém que leu Lolita. Quem se habilita?
Extras

O exemplar que eu li veio da Biblioteca de Humanas, Educação e Artes da UFPR (um beijo!). A capa com certeza tinha sido feita ali mesmo, uma capa dura azul, provavelmente porque arrebentaram com a capa original (vamos cuidar dos livros da biblioteca, gente?), mas a edição era essa da Folha, com tradução de Jorio Dauster (que achei bem boa), primeiro livro da coleção Biblioteca Folha. No link da edição tem outras informações interessantes sobre o livro, inclusive artigos publicados na Folha sobre a obra. E o exemplar foi doado por um professor do meu curso (informação irrelevante do dia!). Apesar de ter a letra pequena (eu achei, mas sou cega), é uma edição de bolso, então não dá pra reclamar. 

No Skoob do livro dá pra ver outras edições. Lolita no Brasil está somente no catálogo da Alfaguara, apesar de já ter sido publicada pela Companhia das Letras, inclusive pela Companhia de Bolso, pela Record, pela extinta Círculo do Livro... A edição da Alfaguara tem tradução de Sergio Flaksman e uma arte de capa linda (desejei). Apesar de Vladimir ser russo, quem gosta de ler no original pode ficar mais tranquilo porque a obra foi escrita em inglês. O livro aparentemente ainda não está em domínio público, então quem quiser deve comprar, pedir emprestado de quem tem ou procurar uma biblioteca, tá?

Lolita foi adaptada em pelo menos dois filmes (1962, direção de Stanley Kubrick, o cartaz é ótimo) (1997, direção de Adrian Lyne), um musical, quatro peças de teatro, uma ópera completa e dois balés e ganhou uma paródia de Umberto Eco, Granita. Os termos 'Lolita' e 'ninfeta' ficaram registrados na cultura pop como a designação da garota sexualmente (e precocemente) desenvolvida. Daí muitas referências em músicas - de Katy Perry e Celine Dion a Marilyn Manson e The Police, filmes - Beleza Americana (1999), Flores Partidas (2005), Manhattan (1979), e outros livros - O Diário de Lô (foi publicado pela Objetiva, mas está fora do catálogo), Lendo Lolita em Teerã (A Girafa e BestBolso), entre outros.

Pra quem gosta de livros altamente recomendados, vou lembrar que Lolita consta nas listas da Time (Os 100 melhores livros de ficção publicados desde 1923), da Modern Library (Os 100 melhores livros de ficção), do Le Monde (Os 100 livros do século) e na World Library (uma lista dos cem melhores livros organizada em 2002 com consulta de 100 autores de 52 países). Pra quem gosta de coisas proibidas, Lolita já foi censurado na França, Inglaterra, Argentina, Nova Zelândia e África do Sul. Apesar disso, não achei as cenas picantes tão picantes. Só o tema que é bem pesado, mas narrado com bastante... pudor.

Vocês gostam de ler essas informações extras além da resenha?

Desafio Literário (de fevereiro): Lolita - Vladimir Nabokov

sexta-feira, 16 de março de 2012

Inventário:
1 compromisso
2 pessoas
2 cidades
639 quilômetros
1 ovo Sonho de Valsa
4 quilos
648 emails guardados
2 pares de aliança de prata
1 pulseira de prata
3 livros
Cerca de 200 fotos publicadas na internet
40 meses
1216 dias

Lá longe tem o coração de mais alguém
Não puderam ser contados devido ao grande número de ocorrências:
Bombons de chocolate
Abraços e beijinhos e carinhos
"'Eu te amo' 'E eu amo vc'"
Brigas por motivos bobos ou nem tanto
Risadas sobre piadas bobas
Vontade de ficar mais um pouquinho
Saudades.


PS: É claro que haveria mais itens arrolados se, por exemplo, eu tivesse a nossa agenda aqui comigo. É, nós temos uma agenda...

Casal quase minimalista

segunda-feira, 12 de março de 2012

Existem atitudes que facilitam muito a vida da gente, mas que são tão difíceis de sair do falatório pra prática! Coisas que a gente sabe que precisa praticar, está cansado de saber que tudo seria muito melhor se você mudasse, chegando a dizer que a partir de hoje será diferente, compromissos feitos com a sua própria pessoa.

Eu sei que eu preciso aprender a errar. Não que eu nunca erre, o problema é o contrário. É que eu erro muito, mas não sei o que fazer nessa situação. Como é que se faz pra mudar de ideia e dar o braço a torcer sem ficar completamente sem graça. Pra quem sempre tem todas as respostas, sempre tem que ter tudo sob controle, pra quem acha que não pode errar, aprender a errar não é lição fácil. E eu não posso nem dar a receita. Ainda não aprendi e não faço ideia de como se faz isso.

Outra coisa que eu preciso aprender é a sair de uma discussão pacificamente. Eu tentei fazer isso outro dia, mas acho que escolhi a pessoa errada pra praticar. Acabou que o sujeito brigou comigo porque eu decidi concordar com ele pra acabar com a discussão. Mas nem quando eu tento perder! Ainda estou esperando me recuperar dessa experiência assustadora. Se tivesse um curso... Enquanto isso, tento aprender a não discutir. Quem sabe daqui a cinquenta anos eu chegue lá...

Eu preciso aprender...

sexta-feira, 9 de março de 2012

A Série Glenbrooke é composta por romances engraçados, dramáticos, melosos, às vezes profundos, às vezes com uma boa dose de suspense, mas eu não conseguiria dizer que tipo de história é a história da Leah. Talvez um pouco de tudo isso aí.

A Leah me lembrou uma pessoa que eu conheço. Sabe aquela pessoa que já passou por tanta coisa na vida que resolveu viver pros outros? Leah é a tia oficial de todas as crianças de Glenbrooke, aquela para quem qualquer pessoa na cidade liga quando precisa de uma mãozinha. Aquela que prefere se doar para cuidar dos outros (no bom sentido) a cuidar de si mesma. Conhece alguém assim? Estranho é ela ser uma pessoa tão ativa e conhecida de todos na cidade e, ainda assim, não ter sido apresentada em nenhum dos livros anteriores da série.

A história ganha movimento quando ela começa, de repente, a ser cortejada por dois rapazes muito interessantes da cidade. O problema é que só um deles é o cara legal e fica difícil saber se é o advogado - porque... oras, porque é um advogado, ué! - ou o cara incrível que aparece na cidade com as histórias mais mal contadas do mundo - porque caras incríveis não aparecem assim para mocinhas nunca antes beijadas de vinte e sete anos sem ter muita coisa mal contada, né? Eu mesma troquei de opinião umas três vezes sobre qual dos dois era confiável. O melhor da história é acompanhar esses dois disputando a mocinha enquanto ela mesma dá um baile nos dois.
Livro no meu colo visto pela Cíntia, na
poltrona de trás, pelo reflexo da janela do
avião enquanto eu, provavelmente,
dormia - coisas que as pessoas normais
costumam fazer de madrugada.

Outra coisa muito legal é acompanhar os personagens que conhecemos nos livros anteriores depois do "felizes para sempre". Saber que existe uma história depois da história - e acompanhar essa história inteirinha - dá aquela nítida impressão de que são pessoas de verdade, que se você dobrar a esquina e subir a rua principal vai chegar na casa da sua grande amiga ou que aquele acampamento lindo mais afastado da cidade é cuidado por um casal de amigos seus. Eles ganham vida porque eles têm uma vida, ainda que feita de papel e tinta. Quando você encontra esses amigos depois de algum tempo desde a última história, é como se chegasse de uma longa viagem e 'como o filho da fulana cresceu!' e 'menina, você está grávida, de novo?!' e 'ahhh, eles continuam fofos!'. Só por isso já vale a leitura!

Não dá pra dizer muita coisa porque eu li esse livro em agosto do ano passado. A Leah me acompanhou enquanto voltava da minha aventura em São Luiz Luis. Resenhei mesmo assim porque é uma história que vale a pena, da minha série favorita, e merece um post no meu blog. 

Esse livro não tem versão em português. Você pode comprá-lo pela Livraria Cultura, Amazon (dá pra ler um pedacinho do primeiro capítulo em inglês) ou no site da autora.
Outras resenhas da Série Glenbrooke (Pessoa que não tem vergonha de exibir posts antigos. Reparem na evolução.): Sunsets, Clouds, Waterfalls.

Woodlands - Robin Jones Gunn

segunda-feira, 5 de março de 2012

Não, não é um post sobre a Iogurteira Top Therm, mas poderia ser. É um post sobre aquele assunto que pode ser o melhor do mundo, mas que as pessoas continuam fugindo. Ei, não pare de ler. Vamos conversar sobre política. Afinal, por que as pessoas normais querem mudar de assunto nessa hora como quem muda de canal quando começam a falar da incrível filmadora mais vendida do Brasil? Diferente dos incríveis cogumelos do sol - apesar de haver quem jure que funciona - a política vai mudar a sua vida. Eu sei disso porque ela já mudou e continua mudando a sua vida. Não adianta fugir do assunto. Não falar de política não muda o fato de que a sua vida depende disso, só o torna uma pessoa inconsciente sobre o que acontece ao seu redor.

Em algum momento da história a política, que era assunto que que interessava a quem era interessante, deixou de ser interesse da população. (Aliás, a expressão interesse político hoje tem caráter pejorativo, referindo-se à má vontade dos políticos para beneficiar a população). Todos aqueles direitos conquistados pelas mulheres, negros, estudantes e outras minorias pareciam nada pra uma geração anestesiada, incapaz de sentir os choques elétricos da vida implorando para que se levantassem. Estava muito bom assim. Cômodo. Tranquilo. Não havia mais nada a fazer. O mundo é ruim porque as pessoas são ruins. Lutar contra uma coisa ruim só vai servir pra deixar lugar para outra coisa ruim aparecer. É isso mesmo, produção? Vamos nos conformar? Vamos ficar calados? Vamos ficar cegos sem sequer querer saber o que está acontecendo?

Por isso que eu digo que eu não me conformo. Nunca. Não dá pra sentar e estudar e trabalhar e sair e voltar e assistir televisão e ler um livro sem poder pensar sobre o que tem acontecido. Sobre o que sempre acontece. Não dá pra não saber como o mundo funciona. Por isso às vezes eu me pergunto como é que vivem as pessoas que não são de Humanas e não entendem bulhufas da Constituição, da ciência política, da filosofia, da sociologia... (mas é claro que eu não estou dizendo que só entende disso quem é de Humanas, né, gente?) como vivem? Sério, como vocês vivem sem saber quantos impostos vocês pagam? Ou como funciona o orçamento público? Ou sem saber que a nosso sistema bicameralista é inadequado?

Vamos falar de coisa boa? Afinal, a política não vai deixar de ser uma nódoa na nossa roupa novinha em folha enquanto não começarmos a falar sobre isso. Você, que vive nesse planeta, tem que saber o que é esse negócio que a Dilma - que, por sinal, é a presidente dessa república, sabiam? - chamou de 'tsunami monetário' e o que o dólar, a crise na Europa e o Brasil têm em comum. Você, que vive nesse país, pelo amor de Deus, que esse ano temos eleições municipais! Você, por favor, tem que saber em quem você votou, tem que acompanhar quem está decidindo por você. Tem que saber sobre as reivindicações dos ciclistas nas grandes cidades do país - principalmente se você mora em uma metrópole. Você precisa ter uma opinião. Pra ter voz. Pra ser um cidadão, e não um idiota.

Vamos falar de coisa boa?