sexta-feira, 5 de setembro de 2014

É interessante como a tendência é louvar atitudes e valores que foram antes considerados impróprios, ao mesmo tempo em que se despreza aquilo que, na verdade, se deveria buscar. Foi assim que "boazinha" virou adjetivo pejorativo, que "humildade" se tornou defeito (ou eufemismo pra pobreza - gente, nada a ver). Ao mesmo tempo, a falta de sensibilidade, o egoísmo, o orgulho, a libertinagem passaram a ser virtudes.

Ontem li um texto que dizia:
Resumindo: sejam agradáveis, simpáticos, amáveis, compassivos, humildes. Isso vale para todos, sem exceção. Nada de retaliação. Nada de língua afiada para o sarcasmo. Em vez disso, abençoem, que é a obrigação de vocês. Assim, serão uma bênção e também receberão bênçãos. (I Pedro 3:8-9 - A Mensagem)

A princípio, o texto me deixou irritada. Quer dizer, não pode nem fazer uma piada? Será que essa tradução não está exagerada? Ser sarcástico é tão legal! É uma característica das pessoas inteligentes e geniais... Até que eu comecei a refletir o que significa realmente ser sarcástico. Toda vez que eu falo com sarcasmo, eu estou desprezando uma pessoa - seja o interlocutor ou o objeto. Os comentários sarcásticos, que de maneira imediata servem para demonstrar a sua inteligência e sagacidade, provocar risos na plateia que você deseja impressionar, não passam de um comentário amargo sobre algo ou alguém.

Procurei no dicionário e me assustei com a definição do Aulete:
(sar.cas.mo)
sm.
1. Zombaria amarga e insultuosa

O sarcasmo é um recurso valioso demais
para gastá-lo ofendendo a pessoas como você
Entre as palavras relacionadas, encontrei desrespeito, ridicularização, reprovação. Analisei a minha conduta e as minhas palavras, e me entristeci ao constatar que o dicionário dizia a verdade. Todo sarcasmo é um insulto. Quando eu falo com sarcasmo, eu sou mais uma na onda do politicamente incorreto - um nome cool pra fazer o que é errado. A internet é o palco perfeito para destilar veneno, e a gente sente o poder nas mãos, na boca, na língua quando a usamos contra outra pessoa, muitas vezes pelas costas.

Que possamos refletir sobre a nossa má conduta, antes que alguém morda a língua e morra com o próprio veneno.

Pílulas de sarcasmo

quarta-feira, 3 de setembro de 2014





You can't deny the truth 'cause I am the living proof

Aibeleen já criou dezessete crianças. As mães brancas carregam os filhos na barriga, e depois entregam para uma criada negra cuidar enquanto são bebês. As empregadas trocam fraldas, acalmam cólicas, ensinam a usar o troninho, ensinam a falar. As crianças não sabem a diferença entre um adulto branco e um adulto negro. Mas aí a criança cresce, vai pra escola e se torna um adulto branco que acha que gente negra é menos gente que gente branca.
Quero gritar alto pra Nenezinha me ouvir que sujo não é uma cor, que doença não é a parte negra da cidade.

Took a lot to learn how to smile
Você pode ser a pessoa mais habilidosa, ainda assim, tem que dançar conforme a música. Se você faz a melhor torta de caramelo e retruca com a patroa branca, não tem emprego pra você. É por isso que a Minny acaba trabalhando para a única mulher na cidade desesperada o suficiente para contratá-la. Excluída da sociedade por ter a antipatia da presidente da Liga Jackson, a patroa Celia Foote não tem família, nem vizinhos, nem amigos, só tem uma empregada que conhece muito bem o que é exclusão.
... e então eu vejo. Vejo o lixo branco que ela era dez anos atrás. Era forte. Não aceitava desaforo de ninguém.

It's gonna be a long long journey
Skeeter é uma adulta branca. Ela não sabe o que é ser negro no Mississippi, mas sente saudades da empregada negra que a criou, e desapareceu de forma repentina. Ela se incomoda com o fato de que os negros precisam usar um banheiro diferente, e com essa história de que não se conversa com empregadas. Mas ela não se encaixa. Alta, quando deveria ser mignon. Cabelos que não ficam lisos de jeito nenhum. E não acredita que as coisas estão boas do jeito que estão. É por isso que ela resolve escrever um livro com relatos das empregadas negras de Jackson, Mississippi. Não que isso vá mudar a história da humanidade - o caminho é longo, mas é um primeiro passo.
Os brancos escrevem sobre a opinião dos negros desde o início dos tempos.

E o que mais?

A Resposta é o livro que eu indico para qualquer pessoa. A história se passa no sul dos Estados Unidos, nos anos 60, e é interessante ver como os movimentos sociais nas grandes cidades que viraram história foram recebidos e afetaram a vida de gente comum. A Resposta (The Help) é o nome do livro que Skeeter escreve, com a ajuda de Aibeleen, Minny e muitas outras, contando como é ser uma empregada doméstica em Jackson: quanto recebem, como são tratadas, os banheiros, os bebês, e tudo mais. Enquanto conta histórias do cotidiano sob o ponto de vista das três personagens principais, Kathryn Stocket fala sobre todo o processo do livro, desde o surgimento da ideia, a dificuldade pra conseguir empregadas que concordassem em contar sua história num tempo perigoso, a publicação do livro e, talvez a melhor parte, a reação das senhoras brancas ao livro publicado.

Kathryn Stockett optou por escrever de forma bem coloquial. Você consegue ouvir as personagens narrando aquelas situações, falando do jeito delas. Dizem (não vi) que no original ela escreve com "sotaque" do sul. Deve ser um barato. Esse estilo ajuda muito na construção das personagens. É como se elas respirassem o mesmo ar que você. Eu não quero dizer muito mais, para que a história não tenha menos impacto para quem for ler pela primeira vez.

Esse livro eu comprei como presente de aniversário há dois anos, pagando uma parte com um vale que ganhei de um querido amigo. Na época, já haviam lançado o filme, então a maioria dos exemplares tinha a capa amarela. Quando vi esse exemplar na Cultura, sabia que não poderia perder a oportunidade, pois logo não se encontraria mais essa edição nas livrarias.

Aliás, o filme que foi feito a partir deste livro, Histórias Cruzadas (2011) é um primor. Ele deixa de lado algumas cenas fortes do livro, mas que não interferem no impacto dessa trama. A trilha sonora também é ótima, com artistas dos anos 60 como Jimmy Carter e Bob Dylan. Os trechos de música citados acima são da canção inédita do filme The Living Proof (Mary J. Blige).

O livro foi lançado no Brasil pela Bertrand, do Grupo Record, e pode ser adquirido nas principais livrarias... mas com a capa do filme.

A Resposta (Kathryn Stockett)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Churrasco Coisa que eu gosto demais é abrir a casa pros amigos. E casa cheia aqui no sul significa churrasco. A melhor parte é que eu passo menos tempo na cozinha e mais tempo no violão. Dá pra ficar melhor?

Primavera Pra quem gosta de viver coloridamente, a primavera é o melhor período do ano. Quente, mas não tanto. Chuva, mas não muita. Flores, flores, flores. Cores, cores, cores. Céu azul, azul, azul. Não dá pra ficar triste na primavera. (Exceto se você tiver alergia ao pólen, meus pêsames)

Aniversários Setembro é o mês em que a maioria das pessoas que eu conheço na vida fazem aniversário. Não, pera... É o mês com a maior concentração de aniversários de pessoas que eu conheço, incluindo uma mãe e dois irmãos <3

Curitiba Curitiba será minha por uma semana inteira. Ou eu serei dela. Tanto faz, eu nem me importo. Só sei que estarei lá, com o coração batendo forte de alegria.

Computador Da última vez que visitei meus pais, no penúltimo dia meu computador de repente não quis mais ligar. Deixei na UTI aos cuidados do meu técnico/pai, e o bonitinho já está em plena forma, melhor do que sempre, só esperando a mamãe buscar.

Fall season De um ano pra cá eu virei uma dessas pessoas viciadas em séries. Nesse mês estreiam as novas temporadas de várias que eu acompanho: Grey's Anatomy, The Big Bang Theory, The Good Wife, Once Upon a Time, Modern Family, Scandal, Resurrection, Castle... (sim, eu vejo muitas séries)

Feira do livro A 10ª Feira Internacional do Livro acontece sempre em Foz do Iguaçu e sempre em setembro. Nesse ano homenageia Ariano Suassuna, com 12 horas diárias de programação, além de livros em oferta e o marido abrindo a carteira com gosto #oremos

Bodas de papel Sim! Já faz UM ANO que a gente casou no civil, e não contou pra ninguém, pra não confundir as pessoas e evitar perguntas do tipo "ué, mas vcs não vão casar em janeiro? como assim casar agora? por quê? blablabla". Como comemoramos os aniversários? Em todas as datas, é claro!

Independência Já raiou a liberdade, já raiou a liberdade no horizonte do Brasil... Para a maioria das criança, 7 de setembro significa desfile. Para a maioria dos adultos, significa um feriado. Para mim, será um dia dedicado à reflexão sobre a liberdade. E pra você?

Livros novos Aproveitamos que a Amazon passou a vender livros físicos e... não compramos nada, porque a loja só aceita cartão de crédito como forma de pagamento :/ Mas a vontade era tanta de quebrar o jejum de OITO MESES SEM COMPRAR LIVROS (e a listinha só crescendo...), que fizemos o mesmo pedido em outra livraria. Devem estar chegando :)

Política Em plena campanha eleitoral, não dá pra escapar do assunto esse mês. Presidenciáveis, horário eleitoral gratuito, candidatos com nomes esdrúxulos, debates... a gente vê por aí (plim!). Mas você se lembra em quem votou nas últimas eleições? (Eu tenho uma coleção de decepções: Marina, Beto Richa, Ratinho...)

Em setembro tem...