segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Desafio literário (de julho): Todas as estrelas do céu - Enderson Rafael

É, faz tempo que eu li - foi em julho mesmo, a resenha é que atrasou um tiquinho -, mas as impressões que esse livro que causou um alvoroço nos blogs literários Brasil afora não desapareceram. Parte desse movimento todo deve ter sido porque o autor é bacana (me senti tão antiga falando bacana...).Outra parte por causa dessa onda ufanista que fez virar moda elogiar tudo o que é nacional, só pelo fato de ser nacional - aquele balaio de gatos e cachorros que descredibiliza completamente quem não consegue fazer uma crítica sincera. Mais uma parte por puxa saquismo e vontade de ganhar livros de graça pra depois fazer um elogio que diz nada com nada.

Primeiro, o elogio: o autor escreve bem. Sério, eu gostei. Porque se eu não tivesse gostado, eu certamente me lembraria #souchata. Também não me lembro de nenhum erro grosseiro de edição, nenhuma narração confusa.  Alguns momentos carregam algum suspense, mas sem deixar o leitor perdido sobre o que aconteceu, acontece ou acontecerá. Essa foi uma das coisas que me prendeu ao livro. Toda história fica melhor quando é bem contada. Mas a melhor história do mundo pode ficar insuportável quando a narrativa não funciona.

Chegamos à história e ao meu julgamento: eu não gostei do livro. Apesar de ser bem escrito e de não ter implicado com nada de mais. Eu impliquei com a história. Nada mais, nada menos. Fica a pergunta ao autor: ele sabia do que estava falando quando resolveu escrever sobre irmãos adotivos?

A trama, que não é nenhum spoiler porque é a premissa do livro, se desenvolve na história de amor de dois irmãos adotivos. História de amor. Irmãos. Adotivos. Na primeira vez que eu ouvi falar disso, fiquei matutando sobre as consequências jurídicas dessa união - eles não podem casar... mas será que podem constituir uma união estável?, mas quando eu li o livro a coisa mudou de figura.

Até então, eu não tinha me imaginado no lugar dos personagens, mas ler um livro é se transportar pra dentro da história. Quando eu fiz isso, não funcionou. A história não bate. Não rola. Não combina. Sabe por quê? Eu tenho um irmão adotivo. E nós nos tornamos irmãos quando adolescentes. Nem crescemos juntos como Leo e Carol. Eu não consigo me apaixonar pelo Dan simplesmente porque ele É meu irmão. Sabe, pra mim, dizer diferente é como se a adoção não fosse adoção de verdade. Como se duas pessoas não pudessem se fazer irmãos. Acontece que nós somos.

Já ouviram aquela expressão 'como beijar um irmão'? Tem naquele filme chato PS: I Love You. Beijar um irmão não é só nojento. Não tem graça. Nenhuma. E é nojento. Se você tem um irmão do sexo oposto (ou do mesmo, se você não tem essas conveniências...), imagine-se beijando-o(a). Na boca. Beijo de novela, mesmo. Uuuugh! Desculpa, Enderson. Não rola. Porque eu não consigo diferenciar meu irmão biológico do meu irmão adotivo. O sentimento é exatamente o mesmo. Eu sou apaixonada pelos dois! Mas o Eros é só  com o Haralan ;)

PS: Meu irmão - o mais velho, adotivo - vai casar! Que emoção! :)
PPS: Esqueci de dizer que a edição é ótima! A capa é linda e a abertura dos capítulos também. Amei!
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