segunda-feira, 21 de maio de 2012

Se você me visse agora (Cecelia Aherns)

Fantástico. Divertido. Profundo. Engraçado. Emocionante. Belo. Cativante. Ri. Chorei. Senti.
Agora quero ver tudo isso em um filme!
As palavras clichezentas acima foram escritas a lápis na última página do livro tão logo terminei a leitura. Eu comecei com todos os preconceitos possíveis, tudo porque assisti P.S. Eu te amo em uma festa do pijama quando estava no terceiro ano do Ensino Médio e unanimemente afirmamos que poderíamos ter feito coisa melhor, como empapelar a casa de alguém ou brincar de verdade ou consequência, ou brincar de verdade ou consequência e, em razão disso, empapelar a casa de alguém. Ah, sim, Se você me visse agora é da mesma autora com cara de modelo francesa: Cecelia Ahern. (Sou a única que fala Cecélia pra não esquecer que são dois Es?)

A história é sobre Elizabeth, seu sobrinho Luke e o amigo imaginário invisível deles, Ivan. Essa é uma daquelas histórias em que já se sabe mais ou menos onde vamos chegar, só não se sabe como. Bem, Cecelia escreve romances e este É um romance entre Elizabeth e Ivan. Mas como?

Elizabeth é uma chata. Uma chata quadrada. Um cubículo. Uma adulta de verdade. Não há nenhum espaço em sua vida para subjetividades, imprevistos, novidades, surpresas, ou qualquer coisa feliz dessa vida. Elizabeth tem uma vida bege com superfícies impecavelmente limpas, mas armários completamente bagunçados por dentro, trancados a chave porque ela sabe que não conseguiria dar a volta por cima se as coisas fugissem completamente ao seu controle novamente. Ela não corre riscos.

Coisa-linda-que-
vontade-de-apertar!
Ivan... bom, quantos anos ele tem? Na minha cabeça, o Ivan é a cara daquele mocinho de De Repente 30 do Mark Ruffalo (se bem que eu acho que o Ivan tem olhos azuis.. como se Hollywood ligasse para as características físicas dos personagens, né?). Ele é fofo, engraçado, mistura a sinceridade espontânea de uma criança com a sabedoria de quem já viveu muito. Ele é a cor que estava faltando na vida de Elizabeth. E a cor é azul como o mar azul como no coração uma doce... Ivan é um amigo invisível profissional cuja missão é ensinar Elizabeth a viver e, de repente, aprender alguma coisa sobre a vida.

Além deles, temos Saoirse (tive que colar do livro pra escrever direito - a pronúncia é algo como 'sersha'), a irmã completamente maluca de Elizabeth, mãe do Luke, uma criança fofa, que é quem primeiro conhece Ivan. Luke é cuidado pela Elizabeth que, por defeito na parte imaginativa do cérebro, é incapaz de compreender o que é uma criança. Ainda, temos a sócia maluquete de Elizabeth, Poppy; Benjamin, o cliente que não toma banho; Joe, dono da única cafeteria de Baile na gCroite (é o nome do lugar. Esses irlandeses...), e os amigos de Ivan: Opal, Calendula, Bobby, Tommy, Olivia.

É a típica comédia romântica, com personagens muito bem construídos, com vida própria, com uma diferença básica de todas as comédias românticas do mundo: você não sabe como vai acabar. Quer dizer, dá pra ser feliz pra sempre com um amor invisível? Por que não? Essa é a grande descoberta da história. E não sou eu quem vai estragar isso.

Extras

O exemplar que eu li é meu mesmo. Ganhei da Ju-Fina-Flor no amigo secreto das Sisterchicks. Aliás, ô menina que sabe dar presente! Ganhei dois livros bem diferentes, mas que são, os dois, a minha cara. Amei!

No Brasil ele está no catálogo da Rocco (que, pelo preço dos livros, poderia ter um site melhorzinho, né?) A capa é bonita, daquelas que fazem muito sentido pra quem já leu e que deixam quem não leu cheio de perguntas. Infelizmente a capa descolou. Logo depois de ganhar o livro no Rio, viajei pra casa do meu namorado. Aí emprestei o livro e a pessoa resolveu usar as orelhas da capa como se fossem marcadores. Arrebentou com a capa e eu nem pude falar nada. Sabe aquela pessoa com quem a gente não deve se meter? Aquela, que começa com so e termina com ra? Pois é :/

Um minuto de silêncio, por favor.
Dá uma decepção também porque os livros da Rocco são caros e, se um livro é caro, a gente não espera tamanha fragilidade. Falando em qualidade, a tradução é quase ótima. Tirando uma 'a estrada sequer tinha nome, o que ela achava procedente' e um 'she knew better than' ao pé da letra, mais um ou dois erros de digitação. Apesar do papel ser branco, o estilo e o tamanho da fonte são agradáveis e os espaços são bem confortáveis para a leitura.

Foi confirmada a adaptação do enredo para o cinema, com Hugh Jackman no papel de Ivan. Por falar em adaptação, o título original é If you could see me now, traduzido literalmente na versão brasileira, mas nos Estados Unidos o nome é A Silver Lining. Oi? Pois é.

O livro pode ser comprado nas principais livrarias (menos na Cultura e na Fnac, pelo menos no site já esgotou) como Curitiba, Travessa, Saraiva, Submarino.Mais informações no site da Cecelia Ahern, na Wikipedia (em inglês) e no Skoob. Ah, claro, tem as citações no Tumblr. Divirtam-se e depois me contem ;)