sexta-feira, 1 de julho de 2011

Desafio Literário: Shakespeare

É, a ideia era ler também alguma peça brasileira, mas não deu. Foi difícil escolher outras peças que não fossem dele, mas não deu pra ler outra coisa. Esse mês foi de Shakespeare. Li três comédias em um volume único, mas uma delas foi releitura (não conta para o DL).

Foto: divulgação do filme The Tempest
A Tempestade
Um duque italiano levou um golpe do próprio irmão para assumir o ducado, sendo enviado para uma ilha deserta - e distante - e dado como morto. O ex-duque, por sua vez, passa a perna na feiticeira da ilha, adquire seus poderes e torna seu escravo o monstrengo Calibã, filho da feiticeira morta. Quando descobre que o navio da Corte Real está por perto, faz com que uma tempestade leve todos para a ilha e arma sua vingança.
No início da história fica meio difícil de entender do que eles estão falando - como quando a gente vai passando pelos canais e cai no meio de um filme. Aí, em poucas páginas, Próspero (o ex-duque) conta todo o seu plano, ou seja, toda a história. O enredo não é sobre o que acontece, é sobre como acontece, porque enquanto realiza seu plano de vingança e reconquista, Próspero resolve se divertir com os náufragos.
O destaque vai para os coadjuvantes. A historinha paralela entre Estéfano, Trínculo e Calibã, fazendo planos para dominar a ilha. E, claro, o vento, que também é um personagem, chamado Ariel.


Foto: Titânia e Oberon
Sonho de uma Noite de Verão
Essa peça eu já conhecia. Li e quase atuei/dirigi quando estava na oitava série. Depois nós mudamos de ideia e eu fui a Rosa em O Pagador de Promessas (Rá! Essa ninguém sabia, né?).
A história na verdade conta várias histórias, todas muito fofas e divertidas. Tem o casamento de Teseu e Hipólita, pano de fundo para toda a história. Tem o quadrado amoroso de Hérmia, que ama Lisandro, mas que está prometida para Demétrio, por quem sua amiga, Helena, é apaixonada. Os quatro vão parar no meio de uma floresta quando Lisandro e Hérmia resolvem fugir. Nesse momento, Puck, a mando de Oberon, rei dos elfos, apronta com os quatro, causando a maior confusão, e prega também uma peça em Titânia, a rainha das fadas, fazendo-a se apaixonar por um homem com cabeça de asno. O coitado só estava ensaiando uma peça para apresentar no casamento do duque!

Mas, entre todos, o que eu queria mesmo ler era...

Foto: Divulgação.
O Mercador de Veneza
Porque o julgamento de Shylock é épico! Depois de ver tantos comentários jurídicos sobre a peça eu tinha que ler, tinha mesmo. Só não li antes porque não tinha encontrado em português na biblioteca (não tenho paciência pra ler Shakespeare em inglês arcaico, não, você tem?). Mas bem, poderia fazer um milhão de outros comentários jurídicos, mas vou falar só da história.
O caso é o seguinte: Bassânio quer se casar com Pórcia, mas pra isso precisa de um dinheiro. Pede o dinheiro emprestado a Shylock, tendo como fiador seu amigo Antonio. O contrato diz que, caso não paguem a dívida, Shylock terá direito a um quilo de carne do peito de Bassânio, na região do coração. Bassânio viaja para fazer a corte a Pórcia e acaba ficando seu noivo. Logo depois, descobre que os navios de Antonio naufragaram e que, sabendo disso, Shylock foi cobrar a dívida. Retorna a Veneza para o tribunal e consegue livrar seu amigo graças à inteligência da esposa.
Existem muitos destaques nessa história, mas acho que o mais legal é que a mocinha não é só uma mocinha... Em geral, as mulheres e Shakespeare são tolas apaixonadas. Pórcia se destaca não só por ser bela e rica, sua esperteza faz a diferença, mudando os rumos da história. A peça mais legal que já li até hoje!

Peças de teatro são um pouco difíceis de se ler quando não se está acostumado. Às vezes fica um pouco confuso, algumas coisas não estão escritas (não existe 'disse Fulana, sorrindo enquanto pensava em...'), mas esse exercício de imaginação se torna muito interessante depois de pegar o jeito!