segunda-feira, 26 de março de 2012

Ser feliz pra mim é...

O dia nasce romântico, com post todo bonitinho no blog dedicando uma música apaixonada. O céu bem lindo, aquele azul curitibano que deixou a Ju completamente encantada. Uma sandália rasteirinha nova amarela super chamativa linda de viver, quero dizer, completamente parecida comigo. É difícil acordar com bom-humor antes das seis da manhã, mas quando não tem jeito, de que adianta ficar emburrada?

Todo dia eu acho impossível de acreditar como tem gente que acorda cedo nesse mundo. Às vezes eu penso que é só pra encher os ônibus pra eu ter que ir em pé, segurando naquelas barras que eu quase não alcanço, equilibrando cinco quilos de papel impresso. Toda vez que eu pego um ônibus desses, isto é, todo santo dia, eu me pergunto por que essa gente toda não resolveu dormir mais um pouquinho se o dia estava tão gostoso pra ter uma relação de amor eterno com um cobertor bem macio.

Só depois de cinquenta minutos (em pé, balançando, tentando equilibrar meu próprio corpo e os quilos extras em papel pesando no meu braço, que revesa com o outro que tenta manter o equilíbrio do conjunto, tentando não ser esmagada pela multidão que desafia o princípio da impenetrabilidade) é que eu chego à UFPR. Duas aulas de Direito do Trabalho e eu descubro que o motorista do ônibus que me trouxe à faculdade sabe mais sobre essa matéria do que eu, cuja carteira de trabalho tem vocação para permanecer em branco eternamente.

Descubro que minha sandália linda e nova arrebentou. É claro que a probabilidade de uma sandália nova arrebentar é muito pequena, mas em uma quarta-feira que queria ser quinta tudo pode acontecer. Até uma greve dos cozinheiros do restaurante universitário. E eu, que subi setecentos metros sob o sol do meio dia, com os livros na mão e a mochila pesando nas costas (porque os livros estão na mão? Porque não cabe o mundo todo na mochila, ué!) e a barriga roncando de fome, tenho que voltar os mesmos setecentos metros pra comprar um sanduíche e comer no ônibus mesmo. Isso porque o cardápio de hoje era ótimo. Por que não fazer greve quando tem carne moída no cardápio, hein? :)

Quarta-feira é o dia em que eu tenho duas aulas de filosofia à noite. Já é meu quarto ano cursando essa matéria, por motivos que eu tenho preguiça de explicar, mas que são mais complexos do que 'hmmm, reprovou, né?'. Você passa duas horas da sua vida ouvindo as invenções da Grécia que nós usamos nos dias de hoje (alfabeto, política, democracia, teatro, escultura) de novo só porque o professor faz chamada e por causa disso você só vai chegar em casa às onze da noite.

Seu namorado está sem internet, e isso significa que você precisa ligar pra ele. Porque ele resolveu brigar com a operadora de telefonia celular, então também não pode ligar pra você. Pelo menos você pode contar como foi seu dia na companhia de Murphy. E rir de si mesma. Porque não tem sandália arrebentada, restaurante fechado, aula chata ou ônibus lotado capaz de me tirar do meu propósito. Hoje eu vou ser feliz, não importa o que aconteça. Eu rio na sua cara, Murphy. HA. HA. HA.

PS: Não é um texto de autoajuda, embora possa parecer. Não tem nada a ver com ter sucesso. Afinal, ninguém precisa de sucesso pra ser feliz.