segunda-feira, 9 de abril de 2012

Uma Garota com Conteúdo (Esther Braga)

Nicole é uma garota com conteúdo. Ela é inteligente, tem assunto, gosta de ler, sabe como lidar com as palavras, mas... transforma a própria vida num dramalhão mexicano. Eu tentava me lembrar de quando tinha a idade dela e, claro, as coisas parecem muito maiores do que realmente são no início da adolescência. Mas não é pra tanto, mocinha! Até as coisas boas que acontecem com a Nicole são transformadas em tragédia quando chegam ao seu diário.

Adônis finge que é um menino rebelde. Se apresenta como o cara que não gosta de ninguém na escola porque é superior aos demais. E gosta de rock. No começo tudo o que ele faz é criticar o mau gosto alheio, comparando à sua grande capacidade mental e sensibilidade musical. Depois ele diz que não gosta de ler, conhece um cara famoso, faz amigos, monta uma banda, ele próprio fica famoso e se apaixona. E mostra como é incrivelmente burro. Burro! Burro! Seu burro! (Pronto, passou).

Apesar disso, o livro não é ruim. Não é ótimo (se a Nicole pegasse leve com o drama), mas também não é ruim (a burrice do Adônis é necessária, ou não haveria história). E não, ele não é burro-burro, os relatos históricos dele são interessantes e ele sabe escrever. Mas não enxerga o que está acontecendo na frente dele. Coisa de homem?

A história é cheia de referências da cultura pop (as que eu entendi eram quase todas envolvendo o Diário da Princesa - aliás, em matéria de drama, Nicole ganha da Mia com folga), o enredo, apesar do dramalhão, é leve, adolescente. Me incomodou um pouco a mudança drástica dos personagens do modo como eles foram apresentados no começo (tanto os 'autores' Nicole e Adônis como as pessoas a quem eles descreviam) e o seu comportamento no futuro. Muito destoante. A irmã da Nicole é o exemplo mais gritante. 

Ah, claro, como um romance adolescente não podem faltar umas pitadas de nonsense, como o final macarrônico e o fato de todo mundo se dar bem demaaaais nessa história. Aquelas coisas incríveis que acontecem nos filmes da Sabrina e de High School Musical, sabe? Acho que a Esther precisa continuar escrevendo, porque só assim ela vai chegar lá. Esse primeiro livro mostrou que ela tem potencial, mas ainda precisa escrever mais, mais, mais, mais. Dez mil horas, é o que dizem.

O exemplar foi emprestado pelo Felipe, que logo recebeu aquela pergunta que eu faço pra todo mundo que me empresta um livro: pode rabiscar? Quero dizer, não exatamente assim, que é pra pessoa não morrer do coração. A pergunta é "posso fazer anotações a lápis, bem de leve pra não marcar o papel?", bem cheia de dedos. Nos meus eu rabisco mesmo. A lápis, mas com menos discrição. 

Primeiro, porque eu vou marcando os erros de edição. Tradução mal feita, quando é o caso, ou palavra escrita errado, ou uma frase que não deu pra entender. Mas quase sempre é sobre a história mesmo. Eu marco partes engraçadas/tristes/profundas. E escrevo coisas como "tomar Coca Cola É viver perigosamente!" "Ah, vá! Ela acredita mesmo que inventou essa frase?" "Sua rídícula u.u" "BURRO!". Porque eu nunca lembro de colocar essas coisas no histórico do Skoob. Tem que ser na hora. E ler na frente do computador com o Skoob aberto cansa - e no ônibus é impossível (aham, eu escrevo no livro quando leio no ônibus. Em pé também).  Descobri que rabiscar o livro é viciante. Não que eu rabisque o livro de todo mundo. Eu sempre peço antes. E nunca rabisco os da biblioteca.

Ah, a capa do livro me intrigou por uma coisa: a Nicole não tem olhos castanhos? Por que na capa os olhos são verdes? E por que ela usa óculos? Eu tinha achado a capa suuuuper legal, tem orelhas, o acabamento é ótimo... até ver que não tem nada a ver com o livro. Porque, além de todo, a menina está sorrindo (#risadamaléfica). Os erros de edição foram poucos. Muito poucos se considerar que a editora não é daquelas grandes (eu não conhecia esse selo "Desfecho Romances").

O livro foi avaliado de duas até cinco estrelas no Skoob, então acho que depende mesmo de quem lê. O Felipe contou como foi o lançamento do livro e depois escreveu uma resenha. A Elisa, irmã da Esther, também escreveu uma resenha, e eu não queria estar no lugar dela. Ainda bem que eu acho que nenhum dos meus... ahhh, deixa pra lá. Pra que adiantar o sofrimento, não é mesmo? Quem quiser comprar (é um ótimo presente pra aquele aniversário de 15 anos da amiga da sua irmã) pode tentar na Livraria da Travessa ou direto com a Editora Multifoco.