segunda-feira, 2 de julho de 2012

O golpe do provedor

Você se muda para a beira do fim do mundo, onde não tem GVT, nem NET, nem qualquer outra operadora telefônica, senão a linda da Oi, que lhe oferece míseros 2M de internet, se você tiver a sorte de conseguir isso tudo. A demora para instalação que é de praxe. A instalação pela metade no primeiro dia que também é habitual. O telefone funciona, a internet, não. 

O dono da casa começa a receber ligações de call centers, todas dizendo que seria necessário completar a instalação da internet, e que para isso seria necessária a instalação do provedor. Para instalar o provedor, precisam dos seus dados. Foi bem nessa hora que eu, a responsável pela linha, cheguei em casa, quando meu pai estava ao telefone com uma dessas ligações bem suspeitas.

A moça pedia os meus dados, como nome, CPF, agência e conta bancária... De onde a moça fala? Do serviço de internet, ela responde. Sim, mas de que empresa? Eu me irrito só de lembrar da hesitação da funcionária adestrada a aplicar golpes em consumidores pouco informados em dizer para qual empresa estava trabalhando. (Algumas pessoas dizem que a pessoa está só fazendo o seu trabalho e blablablá, mas o mercado de trabalho é grande. Ninguém precisa trabalhar naquilo que é contra sua ética, é uma questão de princípios. Pena que nem todos têm princípios.) 

A moça insistia que eu precisava fornecer os dados da minha conta bancária ou do meu cartão de crédito, pois de outra forma a minha internet não funcionaria. Respondi que a empresa não precisava de dado nenhum, porque eu pagaria a fatura assim que ela chegasse em minha residência. A moça se irritou e engrossou comigo. Eu engrossei com ela e exigi que ela me dissesse em nome de que empresa ela trabalhava. A resposta: Terra Networks Brasil.

Desliguei o telefone, não sem antes dizer que não gostaria de receber outras ligações daquela empresa e que não precisava de provedor nenhum, obrigada, explicando para os residentes da casa que era um golpe e que a moça queria vender um serviço desnecessário por conta da ignorância dos outros. Me disseram que já tinham passado os dados bancários da minha mãe para a Uol. Não pensei duas vezes e liguei para a Uol dizendo que assinaram um provedor em meu nome (ninguém precisa saber que ela é ela e eu sou eu se eles estão errados e minha mãe não pode ligar em horário comercial, né?) e que eu queria cancelar. Cancelado. Fim. Né?

Sim, se a Uol e a Terra não começassem a lançar débito automático na conta da minha mãe. Dez reais, trinta e cinco reais, cinquenta reais. Bloqueio no banco. Continua debitando. Na audiência de conciliação, a Terra disse que o problema é da minha mãe que não leu as letras pequenininhas. E a coitada nem estava em casa. A pergunta que fica: como será que Uol e Terra ficaram sabendo que meu telefone tinha acabado de ser instalado e minha internet não estava funcionando? Pois é...