terça-feira, 13 de julho de 2010

A princesinha

Sabe a princesinha do papai? Era eu. A pirralhinha sempre foi grudada no papai, mais do que na mamãe. Deve ser por isso que eu entendo mais de música do que de costura, crochê, coisas que eu deveria herdar da família da minha mãe.

Não preciso ficar explicando pra ninguém aqui como eu sou tagarela, questionadora, desafiadora. Não fujo de uma briga, mas nem pensar! E quer saber? Também aprendi isso com meu pai. De repente eu estava sabendo de um monte de coisas que ele não sabia - até porque, a minha praia é bem diferente da dele, né? - e ele pensava que eu ainda era a pirralhinha, ou melhor, a princesinha que sempre esperava ouvir suas respostas pra tudo. Quando eu comecei a questionar as respostas dele... Ihh, o tempo fechou.

Eu fiquei muito triste, porque querendo saber tudo ele não me deixava crescer, nem validava tudo o que eu já tinha crescido. Então fiquei mais triste ainda porque nos afastamos. Eu sempre gostei de ser a princesinha do papai. Fiquei com saudades, mesmo morando na mesma casa. A minha tristeza nos colocava a quilômetros de distância.

Mas isso não podia ficar assim pra sempre. Na verdade, não poderia continuar nem por mais um dia. Com um abraço e muitas lágrimas, deixei a tristeza ir toda embora.

(Meu pai é muito vaidoso, gosta que fiquem se rasgando de elogios pra cima dele, justamente por isso eu não fico elogiando, a não ser que haja um motivo específico) Ele é o meu pai, eu o amo. E eu sei que a princesinha dele ainda está aqui.