quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Desafio Literário: As Crônicas de Nárnia - C S Lewis

Ah.... acabou! Eu duvidava que conseguiria ler um livro tão grande em um mês, com as amigas em casa e passeios... O fim das crônicas foi uma triste surpresa. Queria mais! Como a resenha é da coletânea das sete Crônicas de Nárnia em volume único, vou fazer uma breve resenha do livro completo e depois de cada crônica.

O livro me deixou completamente encantada. A edição apresenta as crônicas em ordem cronológica. As crônicas não foram escritas na ordem em que aconteceram os fatos. O lançamento dos filmes segue a ordem de publicação das crônicas. A crônica que conta o nascimento de Nárnia, por exemplo, foi o sexto livro a ser publicado. É claro que as crônicas podem ser lidas na ordem de publicação também, ou na ordem que você quiser, como disse o Clive Staples, mas nessa ordem a leitura é mais fácil.

A linguagem é muito agradável para leitores de todas as idades. Eu sei disso porque experimentei ler para uma das minhas amigas-mirins em um dia que ela veio dormir aqui em casa. A ideia era ler pra ela pegar no sono, mas a menina ficou tão interessada na história que eu acabei ficando com sono antes dela. Em compensação, fiquei ontem até altas horas da manhã lendo o final da última crônica. Tenho que acabar com essa história de ler finais de livros antes de dormir... É como se alguém estivesse te contando a história, sabe? Então também é ótima pra ler para alguém também. E pra conversar com o livro. O quê? Vocês não conversam com o livro enquanto leem?

O Sobrinho do Mago conta a criação de Nárnia, explicando de onde veio aquele poste de luz no meio da floresta (do Ermo do Lampião), como é que um guarda-roupa pode servir de portal para outro mundo, de onde veio a Feiticeira Branca... A alegoria com o Gênesis é muito óbvia. Óbvia, mas não forçada. Principalmente quando fala sobre o mal que entrou em Nárnia através de um Filho de Adão, e que o pior cairá sobre Aslam, poupando os habitantes de Nárnia, sua criação.

As crianças Digory e Polly são muito humanas. Não tem aquele negócio romantizado, nem exagerado. São crianças mesmo. Curiosas como crianças, choram como crianças, têm medo de levar bronca como crianças e também ficam de mal e de bem, como crianças. Tio Arthur é o típico ganancioso egoísta. E os animais são muito simpáticos e engraçados.

Eram lágrimas tão grandes e tão brilhantes, comparadas às de Digory, que por um instante sentiu que o Leão sofria mais do que ele próprio.

O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa é a mais conhecida das crônicas. Foi a primeira a ser escrita. Era a única que eu já tinha lido, mas não tive problema nenhum em ler de novo. A aventura dos quatro irmãos mostra muito bem o homem incrédulo, traiçoeiro e incapaz de fazer qualquer coisa grandiosa com seu próprio esforço.

Meu personagem favorito foi o Edmundo. Apesar de ser o menino mau da história - no começo fiquei com raivinha dele - depois ele se arrependeu de verdade, mudou de comportamento e de pensamento. Isso tudo mostra toda a humanidade do personagem. Eu quase perguntei se ele tinha twitter... A Lúcia também é muito... fofa. Daquelas pessoas eu falei pessoas? que não tem como não gostar. Ah... E o professor, o dono da casa, é o próprio Digory. O que andam ensinando a essas crianças na escola?

Se uma vítima voluntária, inocente de traição, fosse executada no lugar de um traidor, a mesa estalaria e a própria morte começaria a andar para trás...

O cavalo e seu menino A crônica anterior termina quando os meninos já estão de volta ao nosso mundo, mas essa história se passa um pouquinho antes. O menino é Shasta, tratado como escravo na Calormânia, uma terra ao sul da Arquelândia, que fica ao sul de Nárnia, e que resolve fugir com um cavalo narniano - só em Nárnia existem animais falantes - pelo deserto para chegar a essa terra onde ele sempre quis ir. No caminho, encontram Aravis e a égua Bri. Aravis é filha de um tarcaã, um nobre da Calormânia. Quando é obrigada a casar com um velho nobre, resolve se matar. É quando Bri a convence a fugir para Nárnia.
O ponto principal da história é de que não existem coincidências. As coisas acontecem porque tinham que acontecer, porque havia um propósito maior, e porque a mão de Deus está sempre a nos guiar e proteger, mesmo que pensemos ser apenas uma circunstância... ou coincidência.

Caminhando ao seu lado, maior do que o cavalo, estava um leão. O cavalo parecia não ter medo, ou talvez não o visse. Era dele que vinha a luz dourada. Ninguém jamais viu algo tão belo e terrível.

Príncipe Caspian É a última vez que os quatro irmãos aparecem nas crônicas. Eles voltam a Nárnia um ano depois, mas descobrem que já se passara centenas de anos desde que saíram de lá, no tempo de Nárnia. O país fora invadido pelos telmarinos, um povo que não conhecia Aslam. Eles oprimiram todos os seres de Nárnia, animais falantes, anões, faunos... e proibiram que fosse ensinada qualquer coisa sobre a antiga Nárnia.
O Príncipe Caspian ouve falar da antiga Nárnia através de sua ama, e depois por seu professor, sempre em segredo. Ao descobrir que seu tio pretende matá-lo para que o trono fique com seu filho, ele foge para as florestas e organiza uma resistência. É nesse momento que voltam os quatro Pevensie, quando Caspian faz soar a tromba. A grande lição é acreditar que a ajuda está a caminho e que você nunca será desamparado se souber em quem confiar.

Se não fosse o movimento da cauda, poderia ser tomado por uma estátua. Lucia nem sequer pensou nessa hipótese. Nem um instante duvidou... Correu para ele. Não podia perder um só momento. Envolveu-lhe o pescoço com os braços, beijando-o, enterrando a cabeça no sedoso pelo de sua juba.

A Viagem do Peregrino da Alvorada Minha favorita de todas!!! Talvez porque eu sempre fico esperando qual será a moral da história, e essa história é cheia de morais... Ou porque a alegoria do dragão é a que eu acho mais bonita entre todas... Ou pelo que Aslam diz no final... Edmundo, Lucia e Eustáquio, o primo incrédulo e chato, embarcam no navio onde o agora rei Caspian viaja em busca dos sete lordes que se perderam no mar, em direção ao fim do mundo e ao país de Aslam, no extremo leste.
Cada ilha é descrita de forma fantástica, e os habitantes das ilhas têm histórias incríveis. E a parte do dragão... Me dá vontade de chorar só de lembrar! Me emocionei de verdade!
No fim, vemos mais uma vez o que é o arrependimento. Não é despir-se do próprio orgulho, mas deixar que Deus resolva isso.

E quando começou a tirar-me a pele senti a pior dor da minha vida. A única coisa que me fazia aguentar era o prazer de sentir que me tirava a pele. É como quem tira um espinho de um lugar dolorido. Dói pra valer, mas é bom ver o espinho sair.

A cadeira de prata Nessa aventura Eustáquio leva uma amiga, Jill, a Nárnia. Ela recebe instruções muito claras sobre a missão para qual foram chamados, e deve não apenas seguí-las, mas passá-las para Eustáquio. Só que com as dificuldades do caminho, enfrentando um rigoroso inverno e sendo ludibriados por falsas esperanças, acabam esquecendo de zelar pelas instruções e deixam-nas passar.
A Jill é uma garota e tanto! Aliás, dá pra perceber o crescimento dos dois no decorrer do livro. Ah, e tem o paulama! Parece um homenzinho, mas também parece um sapo. E o Brejeiro, que acompanha as crianças durante a viajem, é um grandessíssimo murmurador! Sabe aquela pessoa que só pena na Lei de Murphy? Pra ele tempo bom é sinal de tempestade, mas não é que depois ele acaba ficando simpático? No final já estava achando até graça.

"Aslam não contou para Jill o que aconteceria. Disse apenas o que fazer. Esse sujeito vai ser a nossa morte, não tenho a menor dúvida. Mas, mesmo assim, não podemos deixar de obedecer aos sinais."

A última batalha Este é uma paródia do Apocalipse. Um macaco engana os animais de Nárnia anunciando o retorno de Aslam e começa a ordenar absurdos em nome de Aslam, pois é o seu porta-voz. O medo e a incredulidade se espalham em todo lugar. Ao invocar Aslam, o atual rei de Nárnia - centenas de anos depois da última aventura - aparece numa sala onde estão reunidos Digory, Polly, Pedro, Edmundo, Lucia, Eustáquio e Jill. Algum tempo depois - uma semana ou dez minutos, depende de onde você está - as duas crianças mais novas aparecem para ajudar o rei Tirian, mas parece ser um pouco tarde. Os narnianos se dividem entre aqueles que temem tanto a Aslam - que o macaco ensinou ser o mesmo deus Tash dos calormanos, inventando o Tashlam - que não ousam desconfiar dos absurdos do macaco, e aqueles que não acreditam mais em Aslam algum.
É a última batalha, o fim de Nárnia, afinal, todos os mundos são finitos. Todos, menos o País de Aslam, para onde eles sempre almejaram ir. Este não é como os outros mundos, se parece com aquilo que conhecemos, mas é infinitamente melhor do que podemos imaginar.

Agora finalmente estamos começando o Capítulo Um da Grande História que ninguém na terra jamais leu: a história que continua eternamente e na qual cada capítulo é muito melhor do que o anterior.