sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Waterfalls - Robin Jones Gunn

Fazer com que o leitor se identifique com o personagem. Não existe 'chave do sucesso literário' mais acertada que essa. Quando você começa a se identificar com vários personagens de uma só autora... ai! Será que é crise de identidade? Pois eu já me identifiquei com Katie, Selena, Teri, e agora com a Meredith. 

Meri é uma mulher bastante parecida comigo. Ela gosta de ser independente. Tem sua casa, sua vida, seu trabalho (flexível, como o meu) e não gosta de ser infantilizada. Gosto de gente que sabe se virar sem precisar perguntar pra alguém o tempo todo se aquilo está bom, ou se está tudo certo, ou se ela escolheu bem... Sabe aquelas pessoas que precisam de alguém o tempo todo que confirme que ela não está fazendo nada errado? Meri gosta de poder fazer tudo sozinha. E eu também.

Ela se perde sonhando acordada. Às vezes é bom mergulhar em alguma realidade paralela, imaginando aquilo que vai acontecer da forma mais... encantadora possível. Já me acostumei a conversar com alguém - uma pessoa de verdade - que não está presente, imaginando o que ela diria. É divertido. É gostoso imaginar como seriam ou serão determinadas situações que invariavelmente acontecerão. Algumas vezes eu morria de rir da Meredith. "Essa menina viaaaaja!" Mas eu não fico nem um pouco atrás!

Ela faz o que quer. Não está nem aí. Tá. Nem sempre ela faz o que quer sem estar nem aí pra o que os outros estão pensando. Mas às vezes a vontade de fazer alguma coisa é tão grande que a espontaneidade fala mais alto que a sanidade. Foi o que aconteceu quando ela pulou na cachoeira de roupa e tudo. Ou quando resolveu dançar com o homem de borracha. Ou quando eu resolvi dançar, mesmo que ninguém na igreja estivesse com a menor disposição de mexer os quadris. É, os quadris. Mas não tem graça a vida se a cada movimento a gente pensar o que as pessoas vão pensar. Acho que quem faz isso o tempo todo - porque de vez em quando é preciso - perde muita coisa boa nessa vida.

Ah, o livro! É o sexto da Série Glenbrooke. A Meri é irmã da Shelly, do Clouds, o livro anterior da série. É impressionante como a Robin conseguiu fazer tantas personagens diferentes e convincentes! Fato é que ela sempre capricha mais nas melancólicas (desconfio que sejam as mais parecidas com ela), mas ela consegue variar sem que as personagens pareçam forçadas ou artificiais. Como se pudesse se identificar com cada uma delas...

O mocinho é o Jake, que aparece pela primeira vez em Sunsets. Ele morava com o Brad, irmão da Lauren. É a dupla perfeita. Engraçado e fofo. O meu número. hahaha A história passa por uma série de coincidências sério? envolvendo uma série de livros e filmes infanto-juvenis, uma releitura de O Peregrino no estilo Crônicas de Nárnia. Agora estou com vontade de ler O Peregrino.

Acho que o mais legal de tudo é que a história não fica rodando em torno de um romance. O romance acontece. Não como nessas comédias românticas com Sandra Bullock ou.. como é o nome daquele feio? Ben Affleck. No começo a gente sabe que eles terminam juntos. Mas depois a gente conclui que eles não precisam terminar juntos, não naquele livro. Porque eles são um do outro de qualquer jeito, então uma hora isso vai acontecer. Afinal, uma história de amor não é feita só de romance. Envolve experiências, encontros, conversas... e até mesmo alguns momentos só. É que a gente às vezes tem que aprender a estar longe pra poder estar perto. E a certeza de que no final eles estarão juntos conforta as decepções e desentendimentos que aparecem.