quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Viagem do Peregrino da Alvorada (Filme)

Não existe adaptação perfeita. Por isso que eu prefiro sempre assistir ao filme como se fosse uma história totalmente nova, só que parecida com alguma que eu já li. Deixo as comparações para o final, depois que eu assisto ao filme.

O início do filme é ótimo. O modo como eles chegam a Nárnia é impressionante, mágico e inusitado, do modo exato como se deve chegar a um mundo como o de Nárnia. Aliás, todas as cenas de ação foram satisfatoriamente bem executadas para um filme infantil.

As atuações, contudo, passaram bastante apagadas. Não dá pra perceber nenhum personagem de destaque e até a própria trama é meio confusa. Primeiro eles saíram em busca dos sete fidalgos, depois eles recebem outra missão em busca de sete espadas para desfazer um encanto maligno. Aí a viagem, que tinha o propósito de honrar aqueles homens, passa a ter outro propósito, de libertar o povo de um mal que ninguém até então sabia que existia.

A passagem deles pelas ilhas é bastante curta. Às vezes dá a impressão de que eles não passaram mais que algumas horas em algumas ilhas. É lógico que o filme só tem noventa minutos, mas existem recursos que simulam a passagem do tempo. As cenas acontecem muito rapidamente, é tudo muito corrido, muito depressa.

O final do filme também é um pouco confuso. Não ficou claro porque de repente o rei ficou confuso e depois, mais de repente ainda, não estava mais. Aliás, muitas cenas do filme ficaram confusas, sem explicação, e várias dessas não faziam parte do enredo verdadeiro do filme.

ATENÇÃO!
NÃO PROSSIGA SE NÃO QUISER SABER SPOILERS!

Por falar em enredo, vou lembrar que ele parece em algumas coisas com a crônica, mas a história é totalmente outra. No início é tudo muito parecido, apenas com adaptações para o enredo de cinema. A partir da chegada do navio à primeira ilha, tudo muda. Até as características dos personagens mudou, como a do primeiro lorde, que de homem respeitado passa a cativo na masmorra. Ah, e a inclusão do mistério do nevoeiro, desnecessário. Além do mais, enquanto eles deveriam seguir em direção ao Leste, ao País de Aslam, para libertar os últimos fidalgos, no filme eles devem ir à Ilha Negra - o que pra mim significa exatamente o oposto.
Por último, fica o meu protesto explícito: Esculacharam com a minha parte favorita de todas as crônicas! Cheguei a ficar ofendida quando vi o que fizeram com a alegoria do dragão. Nem mesmo a alegoria final, que tentaram imitar, ficou decente. O que custava apresentar Aslam como cordeiro e depois transformá-lo em leão?

FIM DOS SPOILERS!
JÁ PODE ABRIR OS OLHOS

Enfim, o filme não é de todo ruim, desde que não se vá com expectativas criadas a partir do livro. Não há quase nenhuma relação entre eles, e as que se preservam chegam a parecer coincidência. Como filme, tem bastante ação e enredo um pouco confuso. Dá pra assistir em uma tarde de preguiça e absoluta falta do que fazer. Recomendo ler o livro depois de assistir o filme, como a gente faz quando come uma caixa de bombons - deixa o melhor pro final.