terça-feira, 21 de setembro de 2010

As Cidades Invisíveis - Italo Calvino

Em As Cidades Invisíveis (1972), Italo Calvino extrapola os fatos possíveis e imagina um diálogo fantástico entre "o maior viajante de todos os tempos" e o famoso imperador dos tártaros. Melancólico por não poder ver com os próprios olhos toda a extensão dos seus domínios, Kublai Khan faz de Marco Polo o seu telescópio, o instrumento que irá franquear-lhe as maravilhas de seu império.
Em nenhuma outra obra Italo Calvino levou tão longe os valores que considerava fundamentais à sobrevivência da "espécie literária": leveza, rapidez, exatidão, visibilidade, multiplicidade e consistência. O leitor verá que é impossível não se perder nessas cidades, como é impossível não se enredar nessas teias de palavras. 
(Sinopse retirada da Biblioteca Folha - Imagem do Google Imagens)

Aí está um livro que eu provavelmente não teria lido se não fosse para a prova que tenho na próxima semana. Que bom que li! Esses livros que nos forçam a ler para provas, seminários e fichamentos têm a inconveniente mania de ser terríveis de chatos e por isso que só se lê por obrigação.

As Cidades Invisíveis me surpreendeu logo por ser uma narração em mini-contos (pois é, nem fui procurar saber sobre o livro, só sabia que tinha que ler), e sempre que eu penso em mini-contos, penso em blogs ♥

Além do mais, envolve personagens históricos - Kublai Khan (neto do Khan mais famoso) e Marco Polo - e metáforas. Milhões de milhares de metáforas. Amo metáforas (ou melhor, amo metáforas inteligentes). Eu já tenho mania de fazer uma aplicação filosófica/sociológica/jurídica... de quase tudo, me senti encontrando um amigo que tem as mesmas manias que eu. Quem não tem um amigo assim?

As cidades, todas com nome de mulher, espelham algum aspecto da vida, do ser humano, da sociedade. Algumas trazem reflexões escondidas em metáforas sobre a morte, os desejos, o trabalho, a religiosidade, os símbolos, as crenças... mas as minhas preferidas são as que falam do tempo - o passado, o futuro, o presente, a memória, aquilo que talvez nunca aconteça...

O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá

Eu não poderia continuar sem transcrever os tantos trechos do livro de que gostei. É daquelas pra ler com um caderninho, pra anotar todas as excelentes frases (ou ficar enchendo a timeline alheia). Na verdade, acho que cada uma das cinquenta e cinco cidades pede um post pra falar só dela - todas muito egoístas. Mas eu não sou boa com séries. Difícil terminar as séries que começo. Então, se quiser, você lê e depois a gente conversa sobre elas, ta bom?