segunda-feira, 28 de março de 2011

Desafio Literário: Portões de Fogo - Steven Pressfield

This is Spaaaaaarta!
(Eu tinha que falar isso em algum lugar)
Eu procurava uma coisa que eu não sabia o que era. Eu sabia que precisava disso, mas não sabia como encontrar. Não sabia como reconhecê-la quando a encontrasse. Não, não era um vazio interior... é só que eu não sabia o que era um 'romance épico', a categoria de março do Desafio Literário. O subtítulo "um romance épico da batalha das Termópilas" facilitou as coisas. Não teve erro. Pra falar a verdade, foi  um dos maiores acertos do ano da vida! 

As Crônicas de Nárnia, Os Meninos da Rua Paulo, Monteiro Lobato,  Virgulino Lampião, Os Três Mosqueteiros, e agora isso! Estou achando a minha lista a melhor de todas porque eu não comparei com nenhuma. A cada escolha tenho me surpreendido, encontrando muito mais do que esperava.

Desse livro, francamente, não esperava nada. Só escolhi por causa do 'épico', mesmo. Não pesquisei nada sobre ele, nem sobre o autor. Não sabia sequer a capa ou o tamanho. (Escolhi pelo portal da biblioteca da UFPR). Quanto mais o que raios de 'Batalha das Termópilas' era essa.

Ah, você lembra por causa do filme 300? É importante dizer que, apesar de retratar a mesma batalha, o filme foi baseado na obra de Frank Miller, uma história em quadrinhos (que por sua vez é baseada no filme Os 300 de Esparta). Não é por ser HQ, mas não chega nem perto em intensidade, profundidade, densidade, realidade do romance de Pressfield (que tem alguns outros do gênero, no Brasil só esse e As Virtudes da Guerra). 

A história é narrada por um escudeiro, Fato que vai mudar a sua vida: os trezentos de Esparta não eram trezentos. Cada um tinha pelo menos dois escudeiros, que eram escravos servos, o único sobrevivente quase moribundo da batalha. Ele recebe os cuidados do cirurgião real para que um historiador persa registre tudo o que ele conseguir dizer sobre os espartanos, sua estratégia, seu treinamento, seus homens, a mando do próprio Xerxes.

A ênfase não é na luta em si, mas nos personagens. São todos muito profundos, alguns realmente densos. Todos, de uma forma ou de outra, admiráveis. Nada mais justo, já que são eles que fazem a luta. São os personagens que tornam as coisas interessantes. É legal ver como todos os personagens retratados são importantes. Não são Leônidas e '299 homens'. Esses homens têm nome, têm família, têm personalidade e particularidades. Dienekes, Alexandros, Polynikes, Xeones, e não só os guerreiros. As mulheres deles,  Arete, Diomache; Xerxes e seus súditos. Todos personagens que merecem ser conhecidos. Quando eu penso em qualquer um deles, sinto profunda admiração. (Vão me dizer que sou a única que nutre sentimentos por personagens de livros? Se for, posso me repetir por ser baseada em fatos reais?)

Pra finalizar, vou recomendar não só o livro, mas o autor. Não li mais nenhum outro livro dele, mas não será necessário. Ele não é bom, é ótimo. O estilo é envolvente. A 'estratégia' de escolher um personagem para contar a história torna tudo muito real. Ele sabe ser convincente, e não só por isso. Ele pesquisa o que escreve, não fala besteira à toa.

As capas originais, como quase sempre, mil vezes mais bonitas.
Portões de Fogo (Gates of Fire) foi o primeiro segundo livro lançado. O primeiro foi The Legend of Bagger Vence. Depois vieram Tides of War, Last of the Amazons, The War of Art, As Virtudes da Guerra (The Virtues of War), The Afghan Campaign e Killing Rommell e The Profession, que está em pré-venda. É triste saber que um autor tão incrível, que arrebata fãs em poucas páginas oi!, seja ignorado pelas editoras brasileiras. Quando eu tiver uma editora...